sexta-feira, abril 22, 2011

considerações acerca do pessimismo atual

Fiz análise, roubei abraços contínuos, implorei elogios, cortei o cabelo pra entrar numa nova fase (que com a rapidez que chegou: foi), escutei conselhos (dos avós vividos, dos pais contidos, dos queridos sofridos). Nada funcionou. Cresci ouvindo sobre meu pessimismo. Virei noites com meus pais dizendo: menos perfeccionismo , mais vida. Fiz vinte anos e hoje alguém mais importante que imagina me perguntou "pra que tanta cobrança?". Eu não soube responder. Eu vivo num sofrimento tão grande por ser boa que quase nunca sou. São tantas horas perdidas pensando em como ser boa que não sobra tempo pra, de fato, ser. Daí eu me martirizo, crio uma pena sem limites sobre mim mesma, invejo a vida dos outros (que sempre é muito melhor) e me afundo num masoquismo mental onde o limite beira o pânico. Considerações psicológicas? Existem, claro. Mas quem gosta de sempre colocar a culpa na doença datada? Vira clichê americano, cisne negro. O mundo é maior que isso. A beleza existe, só é preciso ver.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

então, lá vem

A minha última postagem aqui se chama "(um) desejo para dois mil e dez". Engraçado que eu comecei esse ano pensando em escrever mais e acabei, no final das contas, escrevendo mesmo mais. Só que mais artigos, mais textos acadêmicos, mais continhos solitários (e solidários, mesmo que você não tenha percebido). Esse blog ficou às moscas camponesas e eu, ocupada com outras coisas, achei que não teria problema. Não teve.
2010 foi o ano em que tudo, absolutamente tudo, mudou. Eu, de tanto levar pancada em 2009, procurei caminhos novos e encontrei um levemente frágil e esburacado, como que esperando por mim. Esperando pela reforma. Constante e intensa. Foi caminhando por ali que aprendi que desejar dói, que cortar a cenoura pra janta é prazeroso, que a espera renova e que fazer sexo santamente todos os dias é ótimo. Inclusive com uma aliança no dedo.
Deixei ódios e pessoas pra trás e me abençôo, de joelhos, todos os dias por isso. Passei por uma cidade, duas cidades e parei na terceira. Onde ficar até o final de 2012 é objetivo não desejado, mas obrigatório. A gente escolhe o que fazer da vida para, conseqüentemente, deixar de escolher muitas outras coisas. Eu escolhi cursar Filosofia numa faculdade federal, mas não escolhi não ter dinheiro por muitos anos. O bacharelado escolheu por mim. E eu, não sem me lamentar nas noites em que só tínhamos pão e mortadela, aceitei.
Alguns amigos ficaram. Um deles me deu o melhor presente de aniversário de todos e eu sei que sempre vou chorar ao lembrar do dia caloroso em que vi o tio Paul tocando uma obtusa imitação havaiana de cavaquinho. Alguns amigos disseram 'até logo' e nunca mais os vi. Mas eu sei, eu sinto, que vão voltar. Outros preferiram dizer 'adeus' do pior jeito possível, pra eu nunca entender. E apareceram aqueles comprados, que depois eu adotei como meus, pra tomar tapa na cara nas horas de paranóia sentimental e infernizar em todos os encontros. Enfim, teve gente que não me quis, mas quem me quis: quis demais. Me quis inteira. E inteira eu sempre fui.
Eu adotei uma gata, ela derrubou todas as minhas flores, furou todos os meus canos e rasgou não menos do que cinco peças de roupa. Apesar disso tudo: é ela quem me faz companhia quando eu passo a madrugada acabando um texto -e me acabando no instante seguinte. Quando ela aparece toca Ave Satani, a gente sabe. Mas se não fosse assim: rir do quê nos dias do final do mês? Há de se rir. E esse ano eu ri tanto quanto chorei. E sempre houve um mesmo alguém pra rir comigo ou pra dizer que eu era ótima, que era a melhor. Há de se mentir também.
2010 foi o ano da aceitação. Eu abri os braços e disse: vem. Veio. Você, eles, eu mesma. O desafio de um ano diferente foi posto lá no mês de janeiro, longe, longo. Eu aceitei e aceitando: foi lindo.

2011, eu aguardo você. Vamos comemorar a vida juntos.

sábado, janeiro 02, 2010

(um ) desejo para dois mil e dez

Eu não consigo mais escrever. Eu acho que perdi o tato e ganhei outras coisas, sei lá. Ganhei uma mania terrível de ficar maliciando tudo, de ver amarguras e ressentimento onde não tem, de lembrar de coisas que há muito tempo já deveriam ter sido esquecidas. Pego o lápis (costume meu preferir escrever a mão primeiro e depois teclar) e o papel e nada me vem. Certa vez era tão diferente! Simplesmente, em lapsos torrencias, os pensamentos chegavam, as idéias brotavam, uma poesia bobinha surgia; E não tinha hora, não tinha lugar, não tinha. Comparecia -diariamente. Hoje eu sofro pra escrever. É um trabalho ardiloso, todavia que mesmo assim preciso fazer (vomitar as palavras sujas de sangue pra se sentir pura, limpa). E então eu começo um conto, uma poesia ou o quer que seja e não acabo, não finalizo, não insiro o ponto final. É como terminar uma relação e não ter explicação. Talvez esse seja meu desejo para dois mil e dez: escrever.

sábado, novembro 28, 2009

Relacionamentos

Se eu consigo tê-los: incrível como fui capaz. Se iniciam: acabam rápido demais. Se terminam: era óbvio que não durariam muito. Se tenho dificuldade em superá-los: sou fraca. Se supero antes do esperado: sou amarga. Se desejo: sou apressada. Se não quero: sou moderna. Apenas sentir, dá?

sábado, setembro 12, 2009

Da relação entre o ato sexual e o parceiro fixo

Os homens, num ato sexual, querem logo penetrar, porque com isso, vão atingir o ápice -que é o orgasmo- com maior rapidez. Já as mulheres, pobres coitadas, não atigem o clímax somente (aliás, quase nunca é assim) com a penetração tão só e pura. É necessário todo um gingado e uma malemolência, uma preparação imensa e aquilo que todo mundo adepto do mundo carnal sabe muito bem. As mulheres também, nas primeiras relações sexuais, sentem dor sim. Isso é concreto. Algumas em maior demasia, outras em menor. Todavia, todas sente. O caso é que pode-se fazer uma ligação disso com o fato do sexo feminino ser, ainda e na sua maioria, tão desejoso por um parceiro fixo. Afinal (vejamos só) com um mesmo parceiro adquire-se consistência e maturidade sexual, a transa mantém-se estável e inicialmente, num caso onde a fêmea não possui experiência, o hábito e prática regular fazem com que ato pareça (e seja) menos doloroso e mais prazeroso. Ou seja: talvez seja esse (o querer uma consistência e uma prática inicial mais cotidiana e constante) que façam a mulher, diferente do homem, buscar um parceiro fixo.

Isso fez sentido às quatro da manhã de um sábado. Agora às dez horas já não faz mais
tanto.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Além do que se vê.

Muita gente acha feio ou mesmo indecente -que está na moda usar essa palavra- falar a respeito do que se sente por aí. E não no sentido de expor a vida pessoal, porque isso realmente não é uma atitude lá muito interessante, afinal ninguém gosta de ter suas intimidades direcionadas a um público sempre ávido por novidades (que se calientes e "moralmente incorretas": melhor). Mas sim em comentários sentimentais relacionados a si mesmo, focados na sua própria vida, no que se ser e no que se busca. Difícil definir com clareza o que desejo aqui expor sem exemplificar, todavia exemplificar é um método raso demais, usado por quem não tem clareza suficiente (o meu caso, obviamente). Então aí vai: "sinto falta de um abraço". Eis um exemplo de algo que para alguns é tomado como parte de exposição excessiva, enquanto para mim é apenas uma outra maneira de manter a coerência da minha vida, daquilo que sinto e é absolutamente normal de se sentir. Não vejo mal algum em comentar, analisar, ironizar e muitas vezes sentimentalizar aquilo que sinto em meios públicos. Erro seria tomar isso -e apenas isso- como a parte real dos fatos, sem lembrar que por trás da tela do computador há muito mais vida e graça do que se imagina.

terça-feira, julho 14, 2009

Mediano

Ultimamente ando pensando que os medianos se dão melhor. E isso no sentido de "sou feliz nessa vida, amigo. Sou feliz." O mediano não precisa se preocupar com o jeito com o qual ele faz as coisas, porque tendo sido a vida inteira mediano se acostumou com isso, então não vai piorar e melhorar parece desnecessário. Ele se alegra com o que tem e o resto é besteira.

Ando altamente sem idéias. Me salve, bom ser de férias.