domingo, maio 17, 2009

Não sou.

Não sou boa. Um dia, com um "plin!", eu descubro que não sou boa. Simples assim, não sou boa. Eu tento, eu vou atrás, eu procuro, eu penso muito e não consigo ser boa. No quê? Em qualquer coisa, em tudo. Apenas não dá, não tem como. Ser boa não é pra mim. Quando tinha dez anos achava que podia ser tudo, de bailarina dançando bonito na ponta dos pés até uma gênia que descobrisse a equação pra substituir a teoria da relatividade do Einstein. Agora tudo que eu vejo é uma garota que não é capaz de nada além de falar um pouco sobre livros e filmes.

Não sou culta. Sei muito pouco sobre música erudita e os rocks que eu escuto são, quase sempre, indicados por outras pessoas (essas sim, cultas). Vejo filmes, mas poucos e muito menos sei sobre eles. Já tentei pintar quadros, bordar panos de prato e costurar minhas próprias roupas; nada feito. Toco flauta, porém quem se importa com alguém que toca flauta?! Moda é tocar violão, isso sim. Conheço muitos autores e já li inúmeros livros, acima do que é costume se ler. Mas... vou chegar aonde contando a estória do Capitão Rodrigo ou do Raskólnikov? Talvez na discussão de boteco de toda sexta.

Não sou interessante. Tenho pensamentos iguais. Tento mudar, mas acabo ficando praticamente a mesma. Meus relacionamentos dificilmente são novos e meus amigos, com certeza, me toleram porque sei cantar algumas músicas junto com eles. Tenho receio de ações impensadas e o máximo que fiz de tolo foi acabar bêbada chorando em fins de noite e começos de manhã.

Mas eu sei jogar Banco Imobiliário, Jogo da Vida e War. No mundo das crianças talvez eu me salve. Talvez.

domingo, maio 10, 2009

Escrever.

O que eu sinto é uma inveja grande dessas pessoas que, assim bem quietas no seu canto geralmente solitário, conseguem colocar de uma forma fácil e simples as palavras bem traçadas no papel. Elas vão imaginando e elaborando e dançando -tudo junto, sem pausas- numa mesmice prática onde cada sílaba escrita sai sem dor e lamento, formando um emaranhado de coisas compreensíveis e nada anti-naturais. E eu, que de escritora só tenho uma ilusão fundinha lá na mente inquieta de gente iludida, me esforço e grito e -na maioria das vezes- sangro pra qualquer coisinha assim, de decente, pular da minha cabeça cheia de miolos vagos e dizer: "cheguei, Thai, cheguei. Você fez uma poesia, parabéns! Você elaborou mais um texto, continue assim! Continue sempre tentando, Thai, porque ou você se desprende ou desprende essa idéia boba de filósofa escritora moderna. " Só que sou teimosa, e não me deixo abater pela realidade. Eu moro é lá no universo inverso das coisas irreais.