Não sou boa. Um dia, com um "plin!", eu descubro que não sou boa. Simples assim, não sou boa. Eu tento, eu vou atrás, eu procuro, eu penso muito e não consigo ser boa. No quê? Em qualquer coisa, em tudo. Apenas não dá, não tem como. Ser boa não é pra mim. Quando tinha dez anos achava que podia ser tudo, de bailarina dançando bonito na ponta dos pés até uma gênia que descobrisse a equação pra substituir a teoria da relatividade do Einstein. Agora tudo que eu vejo é uma garota que não é capaz de nada além de falar um pouco sobre livros e filmes.
Não sou culta. Sei muito pouco sobre música erudita e os rocks que eu escuto são, quase sempre, indicados por outras pessoas (essas sim, cultas). Vejo filmes, mas poucos e muito menos sei sobre eles. Já tentei pintar quadros, bordar panos de prato e costurar minhas próprias roupas; nada feito. Toco flauta, porém quem se importa com alguém que toca flauta?! Moda é tocar violão, isso sim. Conheço muitos autores e já li inúmeros livros, acima do que é costume se ler. Mas... vou chegar aonde contando a estória do Capitão Rodrigo ou do Raskólnikov? Talvez na discussão de boteco de toda sexta.
Não sou interessante. Tenho pensamentos iguais. Tento mudar, mas acabo ficando praticamente a mesma. Meus relacionamentos dificilmente são novos e meus amigos, com certeza, me toleram porque sei cantar algumas músicas junto com eles. Tenho receio de ações impensadas e o máximo que fiz de tolo foi acabar bêbada chorando em fins de noite e começos de manhã.
Mas eu sei jogar Banco Imobiliário, Jogo da Vida e War. No mundo das crianças talvez eu me salve. Talvez.
domingo, maio 17, 2009
domingo, maio 10, 2009
Escrever.
O que eu sinto é uma inveja grande dessas pessoas que, assim bem quietas no seu canto geralmente solitário, conseguem colocar de uma forma fácil e simples as palavras bem traçadas no papel. Elas vão imaginando e elaborando e dançando -tudo junto, sem pausas- numa mesmice prática onde cada sílaba escrita sai sem dor e lamento, formando um emaranhado de coisas compreensíveis e nada anti-naturais. E eu, que de escritora só tenho uma ilusão fundinha lá na mente inquieta de gente iludida, me esforço e grito e -na maioria das vezes- sangro pra qualquer coisinha assim, de decente, pular da minha cabeça cheia de miolos vagos e dizer: "cheguei, Thai, cheguei. Você fez uma poesia, parabéns! Você elaborou mais um texto, continue assim! Continue sempre tentando, Thai, porque ou você se desprende ou desprende essa idéia boba de filósofa escritora moderna. " Só que sou teimosa, e não me deixo abater pela realidade. Eu moro é lá no universo inverso das coisas irreais.
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