sexta-feira, dezembro 28, 2007

Permissões

É difícil conseguir saber o que é permitido, atualmente, nessa nossa complexa (e "lucrativa"!) sociedade. Num mundo capitalista em que o lucro define as barreiras do certo e errado (que já estão destruídas há muito tempo, diga-se...) é complicado para nós, reles mortais da classe média nada operante, definir um estágio do "viver bem" dentro dos padrões permitidos por esse mesmo sistema. Para os menos favorecidos economicamente são passados (pela mídia, pelos meios de comunicação em massa) como bons os princípios e morais antigos (honestidade, sinceridade, ajuda mútua, etc), aqueles onde cada qual deveria querer o seu próprio "crescimento" sem afetar de maneira negativa o outro. Todavia, o que vemos praticado pela pequena massa da aristocracia é um tanto diferente: corrupção, desvio de dinheiro, roubo público, atitudes nada cooperativas. E assim a dúvida cresce e corrói: o que é e o que não é permitido quando o tema é o bem-estar individual?

Creio que muitas das coisas poderiam ser diferentes se os desejos (e, anteriormente, os pensamentos) fossem diferentes, se o simples e agradável fosse o foco central. Por que querer dinheiro (e todos os produtos consumistas [e por deveras fúteis]) em excesso, por que sempre partir nessa busca desenfreada do lucro? Antes abraços em excesso, pensamentos em excesso, florestas em excesso, sensações naturais em excesso. Ou apenas o equilíbrio, que sabemos: o mais difícil de alcançar. Permitir-se o simples, o desapego a definições. Permitir-se o auto-conhecimento, o conhecimento verdadeiro do próximo, permitir-se a união. Permitir-se ser só, ser guiado, permitir-se confiar. Permitir-se o sorriso, as mãos dadas, permitir-se sonhar. Permitir-se permitir.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

da economia

Todos os dias (ou ao menos uma vez por semana) ouve-se o Senhor Luis Inácio Lula da Silva (ou um dos seus numerosos assistentes) comentar (e que comentários!) da melhora na economia do país. Ora, você, morador dessa nação tropical, percebe isso? Onde isso reflete? Para a população, para a massa menos favorecida dos brasileiros, isso de nada adianta. Resultados efetivos que contribuam para o bem-estar geral não existem, são mera ilusão criada por um governo (não de hoje, de sempre; Desde o dia que você conseguiu assimiliar a palavra "política" que sabe disso...) falsário e imoral. Claro, sabe-se (e isso é fato) que o preço dos produtos estrangeiros estão mais baixos, mais acessíveis; todavia isso não é benéfico à economia brasileira, muito pelo contrário. O real está sendo supervalorizado, e se, um dia, chegar a se igualar ao valor do dólar a queda economica será muito danosa (sim, mais do que já é...). E como mudar isso? Desculpe, eu não sei...

Ainda acredito que pequenos gestos criam mudanças e que elas podem ser positivas. Valorizar os produtos do país é tão simples e ato tão pouco "concretizado". Que tal tomar um refrigerante (sim, aquele com gosto de simples água com açúcar) da sua cidade no lugar da "Coca-Cola dona da metade do mundo"? É, faz sentido...

quarta-feira, dezembro 05, 2007

do Caio Fernando Abreu

Quando leio Caio me sinto indubitavelmente mais viva. E isso não é constatação que eu confessaria assim tão fácil e simples num tempo atrás. A escrita do Caio me deixa atônita e estremecida, e a surpresa inicial de suas palavras é surpresa constante aliada ao reconhecimento de fatos tão meus em vidas tão distantes. Seus contos, por alguns criticados e desconhecidos, contemplam-nos muito bem ao fazer a junção do significado da palavra viva com o criativo surrealismo incomum que resulta num realismo mágico tão fácil de captar, tão fácil de aceitar como seu. Ele não escreve procurando as massas ou algum tipo de grupo ideal, escreve procurando reproduzir o que sente: essa falta de solidariedade tão presente neste mundo atual. E é isso que mais me cativa: seu jeito tão seu de expressar em palavras o quase imperceptível.


"Então, admitiu o medo. E admitindo o medo permitia-se uma grande liberdade: sim, podia fazer qualquer coisa, o próximo gesto teria o medo dentro dele e portanto seria um gesto inseguro, não precisava temer, pois antes de fazê-lo já se sabia temendo-o, já se sabia perdendo-se dentro dele - e finalmente podia partir para qualquer coisa, pois de qualquer maneira estaria perdido dentro dela."
Caio Fernando Abreu;

terça-feira, dezembro 04, 2007

Pensamentos do último mês de todos os tempos.

Porque o mundo está acabado. É isso mesmo o que sinto. Ele se acabou, foi ficando mais velho, mais cansado, mais acomodado com as palhaçadas feitas pelo bicho homem que resolveu desistir e agora padece. É como naquele dia em que você acorda, se olha no espelho e não sabe o que vê: um humano, uma junção de pele e pêlos? Uma farsa, enfim decide. Mas criada por quem? Então relembra tudo o que já viveu e percebe como foi em vão porque é certo que um dia tudo secará, inclusive as lembranças. Devemos nos permitir esses pensamentos tristes sobre a existência? E permitir, é o que? Acho que vou fazer como o mundo: esperar a esperança que não vem.

Mafalda e sua vontade de mudar o mundo.

Estou encantada com uma garotinha: Mafalda, o nome dela. Apesar de conhecê-la de longa data, apenas agora, durante as minhas excursões na internet em busca de uma coisa qualquer interessante para ler (e não me reprima! Esta sim é uma tarefa árdua, muito mais complicada e cansativa que sentar em frente a uma televisão com seus pigmentos coloridos...), foi que realmente a descobri, com todo o seu charme e graça. Quem nunca leu as tiras desta menina não sabe os minutos bem aproveitados que perde. Claro, deve haver algo melhor a fazer, mas ler Mafalda (a criança do jardim de infância mais curiosa e preocupada socialmente que eu conheci) já é o suficiente quando se quer rir com um humor inteligente. Acho que todos os pais (ou aqueles que ainda não o são, mas desejam um dia ser) "deveriam" sorrir com duas ou três destas tirinhas.

Então, fica aqui minha dica. Guarde uns minutinhos do dia para sorrir e aprender a detestar sopa. (Não vou colocar nenhum endereço de página com tiras neste blog; Procure você mesmo se quiser ler [e isso será um indicativo do tão quão acomodado com o sistema você está!]).