sexta-feira, dezembro 26, 2008

Tim (-tim!)

Estou de férias. Certo, no meu caso isso significa longas horas perdidas na internet (típica atitude de pessoas restringidas socialmente), madrugadas despertas ouvindo de Beatles a Roberto Carlos e manhãs esquecidas devido ao sono recheado de sonhos eróticos com conhecidos babacas. Entre essas grandes atividades que ocuparam minhas últimas duas semanas ("muito produtivas"), consegui -sob pena de perder o resto de minha capacidade intelectual adqüirida durante anos de estudo (e também, claro, graças aos meus queridos genes)- fazer a leitura da biografia do Tim Maia (se você não o conhece [pelamordedeus, cadê tua cultura brasileira, rapaz?!] aja como um exímio nerd contemporâneo: vá no Google e digite o nome do cafajeste. Certamente encontrarás muitas referências a maconha, mas não se deixe abater, é tudo conversa dos especuladores [cof]), escrita pelo tio Nelson Motta. Garanto que vale a pena, se o intuito é conhecer realmente (em negrito) a vida do cara (ok, contanto que o tio Nelson não minta muito...), das suas bebedeiras e orgias ao gosto pelos amigos e ao amor pela música. Confesso, em certas partes do livro terá a louca vontade de esquecer algumas páginas e pular para um novo sub-título (o qual contém a informação da evolução da massa corpórea do gordinho, parte que me deixava sempre levemente surpresa), mas seja persistente: terminará a leitura com uma onda de raiva do Roberto Carlos, o que se transformará num trauma pelo resto de sua vida (porque são tantas emoções...).

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Do ceticismo à constatação

Por motivos maiores comecei a freqüentar uma psicóloca. Sempre fui muito cética a respeito, afinal: o que um estranho pode fazer por ti em horas conturbadas de tua vida? Parecia-me que nada. Como sofro de -hm, como dizer isso n'um post?- períodos psicológicos altamente estressantes com freqüência desde criança, uma terapia sempre me foi indicada. Mas nunca atualizada. Eu e meus pais ficávamos no "isso passa". E, realmente, sempre passava. Passava para voltar. Então nesse ano resolvi engolir o orgulho e pedir uma certa assistência. Que, surpresa, de certa forma me ajudou. Não vou dizer que foi apenas isso que melhorou (e está melhorando) meu estado -porque também não sou tão alterada ao ponto de crer que um falatório de uma hora resolva magicamente algo-, mas garanto que me trouxe um alívio. Sempre saio das seções sorrindo e meu dia transcorrem incrivelmente bom. Talvez isso não signifique muito, mas uma coisa se faz (a mim) mais certa: não se deve temer (seja por vergonha, orgulho ou qualquer outro desses sentimentos humanos) buscar ajuda. A completude não pode ser alcançada, mas podemos, junto dos outros (e sempre é assim, sempre!), viver melhor.

domingo, dezembro 07, 2008

Capitu-jovem

Eu, como boa estudante procrastinadora (que é diferente de vagabunda, deixemos bem claro) que sou, ando-me atualizando com os programas que passarão neste final de ano na televisão aberta brasileira (eita!, nada como a boa e velha rede Globo, "né não"? [Ok, antigos senhores de esquerda e crentes atuais, é um mau canal de televisão. Muito mau. Muito, muito mau.]). Agora que a faculdade me abandonou por longos (quase) três meses, posso aproveitar (ou não, sabe-se lá) meu tempo da forma que for. E foi pensando nisso que alegrei-me ao descobrir que passará a partir da próxima terça-feira (dia nove) uma minisséria chamada Capitu (isso, intelectuais brasileiros, baseada no livro "Dom Casmurro" do Machadão). Mas a alegria durou pouco. Bastou que eu visse um close da protagonista Capitu-jovem. Tudo se passou assim: "Nossa, ela é linda. Puxa, que olhos verdes. Nossa, ela tem um encanto. Puxa, ela fica bem demais com esses vestidos. Droga, eu sou um fracasso. Merda, eu sou uma maníaca depressiva. Droga, eu estou gorda. Merda, meus olhos são azuis. Droga, meus vestidos são feios.". Uma inveja puta e uma tristeza absoluta. Então, tá decidido. Quando a Capitu-gostosa-bonita-olhos verdes-decidida aparecer na tela eu desligo o aparelho e vou ler o livro. Ao menos lá posso imaginar que ela sou eu. E com direito a olhos de ressaca.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Eu, eu mesma e apenas eu.

Estou sozinha, abandonada, atirada aos corvos. Ok, muito menos. Mas realmente não há nada (em negrito) a se fazer sozinha aqui em Porto Alegre se tu não tens dinheiro nem paciência para enfrentar ônibus lotados. Claro, deve ser bobagem minha, sei que alguém diz. É, talvez seja. O fato é que a melancolia me consome e queria desesperadamente de um humano para rir de bobagens e me dar um abraço. Eita, saudade de uma vida passada que me cala fundo!

domingo, outubro 12, 2008

das crianças

Criança, menor de idade, vacinada. Eu já fui (até ontem, se posso revelar a data do meu aniversário). Brincava de esconde-esconde na rua, tinha uma casinha n'um pé de laranjeira, roubava goiabas do vizinho, me vestia com trapos e não gostava muito de bonecas. Hoje eu ainda faço algumas dessas coisas, mas com uma intensidade bem menor. Outros compromissos, bem mais responsabilidades. É, a vida passa, meu caro. E passa rápido. Os menores de idade de hoje ficam grudados em computadores e videogames, esperando o lançamento daquele novo "game", iludidos com a tal da tecnologia. Quem dera que soubessem o quanto é bom aproveitar o tempo livre que lhes é vasto com coisas menos monótonas e estáticas! Mas isso é só a opinião de uma mera telespectadora nascida nos anos noventa, que assiste os velhos ficarem cada vez mais crianças e as crinças ficarem cada vez mais velhas. Triste inversão.

sábado, setembro 13, 2008

O Papel da Filosofia

Será ela disciplina fundamental? Será dialética sem motivo? Será junção de malucos teóricos? Será ciência suprema aristotélica do Alfa maior? Eu queria era saber o papel da Filosofia.

domingo, agosto 17, 2008

do pássaro mágico

Caminhando por um atrativo turístico da minha querida cidade, deparo-me com um "objeto" peculiar. Um pássaro estranhamente colorido e pomposo, grande e esbelto, que equilibrava-de de maneira comum sobre um galho não muito longe do chão. Parei, claro, para contemplar o animal incomum. Era multicolorido, realmente. Azul, vermelho, um tom de verde e uma calda extrardinariamente branca. Fiquei lembrando de uma fênix de certo livro. Depois de alguns minutos resolvi retomar o passeio. Eis que surge uma família. Avistaram todos o pássaro e, adivinhe, qual foi a primeira frase exclamada: "filho, ele ainda é filhote. Vai lá e pega! Vamos levar para casa.". Era o cúmulo, o fim. Meu resto de senso crítico e idealista me fez encarar o tal pai e iniciar uma discussão. A qual não foi muito longe, já adianto. Acho que o homem se envergonhou, já que resolveu apenas filmar o pássaro. Mas eu fiquei ao lado, esperando que a família -depois da filmagem- retomasse a marcha. E, depois de longos minutos com a câmera na mão, o senhor descobriu que a máquina não estava ligada. Foi uma cena engraçada, com xingamentos e tal. No final, ao olhar pela última vez o pássaro, imaginei vê-lo piscando para mim.

segunda-feira, julho 21, 2008

Sonho de mochila

Eu fico a pensar se todos os jovens (é, eu me considero jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda!) têm o "sonho" de -sem muito lero-lero- sair por aí com uma mochila nas costas sem um destino muito definido. Objetivo: aventurar-se. Talvez pela América do Sul, talvez em outro continente, talvez até no seu próprio estado. Mas assim: de carona em carona, com o mínimo de dinheiro no bolso (ora, nada incomum na vida dos jovens), e preocupando-se apenas com o lugar para dormir à noite (que pode ser uma casa de família, um banco seguro, uma cabana velha, uma pousada baratérrima). E eu, que não sou menos clichê, também tenho esse desejo. Meio utópico, confesso -e alimentado por filmes, como Diários de Motocicleta, livros, como On The Road do Jack Kerouc, e companheiros de amizade-, mas quem utopias (como ser a maior bailarina de todos os tempos, morrer velhinha ao lado de outro velhinho especial, ser reconhecida e a mais inteligente de todas entre todos) nunca teve? São elas que alimentam nossa criatividade. Pois, se viajar como um Che pela américa não der, que viajemos então pelo pensamento.

terça-feira, julho 15, 2008

da boa leitura

Chateiam-me aquelas pessoas que lêem apenas Agatha Christie e Sidney Sheldon. Segundo elas (ou: a grande maioria), optam por esses autores pois necessitam de um bom suspense ou de uma instigante aventura. Vale-me discordar. Lembro que li "O Estrangulador" do Sidney e o enredo era fraquíssimo. Estória típica americana: um maníaco assassino atormenta uma cidade; Para detê-lo surge o comum sargento bom moço; O final nada mais do que óbvio (não, eu não irei contar o livro; Fique tranqüilo...). Surprende-me que os brasileiros dão tão pouca importância a sua literatura nacional e, principalmente, regional. Na seção de mais vendidos só se veêm romances água com açúcar e notórios auto-ajuda, e, claro, de outros países. Com tanto Graciliano, com tanto Machado, com tanta Lispector, com tanto Érico Veríssimo? Ah, que venha o dia em que o brasileiro saiba o que é boa leitura.

sábado, julho 05, 2008

Sobre Ética

Ponto 1.
Parece sarcasmo, mas é apenas um "achar graça (na forma mais ampla que tu te permitires considerar, querido leitor [invisível?])". E do que falo? Bem, justamente de um ponto que pode se relacionar com Ética, todavia também com aquilo que chamam de "Boa Índole (se é que no fundo as duas expressões não são sinônimas [volto a discutir mais sobre isso futuramente, talvez em outro post.])". Pois bem, talvez a filantropia (ou altruísmo, ou humanitarismo) não exista. Veja bem: quando encontramos alguém passando necessidade na ida de casa até a farmácia e o ajudamos, hm, talvez isso não seja se importar com o outro por si só, e sim se importar porque essa mesma ação nos faça bem internamente, nos deixe com um ar de "eu sou um ser bom". O que, originalmente, não pode ser chamado de altruísmo, já que não é um amor exclusivo ao outro, mas sim a nós mesmos, ao nosso "ego". Outro exemplo: uma pessoa próxima sofre (por algum motivo, seja lá qual for). Será que ao resolvermos ajudá-la é somente por ela ou também por nós -que sofremos, claro, com o seu sofrimento (isto se tu não fores um troglodita insensível...)? Pois é, eis a (minha) dúvida. Quanto de verdadeiro pelo outro há nesses gestos "caridosos"?

Ponto 2.
Me é curioso o fato daqueles que, fingindo boas ações éticas, ferem os outros com palavras. Na verdade me é curiosíssimo. Será que é porque há um acerto no ato de reprimir um gesto errado moralmente que se pode reprimir da forma que bem entender? Isto é: ser esnobe e irônico ao dizer "você ainda não aprendeu que...?" é permitido quando a intenção é boa? Um ato compensando o outro, poderia se dizer. Todavia, não me parece bem isso. Na realidade considero tão feio o ato de quem pensa estar fazendo o bem enquanto reprime, quanto o ato de quem faz o mal sendo pouco ético (porque esse pode estar fazendo sem se dar conta [e isso por motivos tantos: costume, anestesia moral,...], já aquele tinha consciência do que fazia). Assim: se for reprimir que seja com modéstia, se for considerar a repreensão que seja com bom senso.

sábado, junho 21, 2008

Lixeira

Há algum tempo atrás um conhecido exclamou: "as pessoas na praia não se importam em sentar sobre o próprio lixo!". Ora!, eu me espanto, aqui em Porto Triste elas não se preocupam em caminhar sobre ele. A diferença não é tão grande assim. Aliás, não há diferença. Ao menos não nas atitudes irresponsáveis e inconscientes. Fuma-se muito, e os tocos de cigarro vão ao chão. Os copos de plástico dos cafés, oc pacotes coloridos das bolachas recheadas, os papéis de propaganda das lojas. Vai tudo ao chão. Para debaixo de nossos pés. E erguemos a cabeça, seguimos em frente, pisando na miséria urbana que -comodamente- nos habituamos a ignorar.

domingo, maio 25, 2008

sobre conviver.

Talvez o ato de conviver com outro(s) alguém(/ns) seja o método mais fácil e efetivo para uma desilusão pessoal. É convivendo que descobre-se os seus erros -que geralmente tu considera mínimos- e os erros do outro(s)- que tu consideras imensos(ou o contrário, também...). Morar com alguém que se gosta (seja lá no sentido que for) pode não ser um acerto. E isso pelo fato de que não é tão simples e encantador assim fazer as coisas práticas (como discutir que marca de margarina comprar e estender as roupas no varal) juntos, acredite. Creio que as únicas pessoas (e agora algo bem pessoal [ou não...]) capazes de conviverem comigo d'uma forma bem pacífica e harmoniosa são meus pais e irmão, a família; e provavelmente porque eles me conhecem melhor do que imagino, sabem das minhas manias irritantes, dos meus defeitos complicados de mudar (e eu tento, heim!), das coisas que não gosto tanto. E há certa cumplicidade, tanto que toleramos errinhos uns dos outros sem esbravejar. Já quando se resolve conviver com alguém nem tão íntimo (nesses detalhes domésticos), descobre-se (eu descubro, ao menos...) defeitos (que na maioria das vezes nem defeitos são) em grande proporção. Conviver é muito arriscado; Conviver faz forte a possibilidade do desencanto, da mágica perdida. Eu delicadamente aconselharia: Conviva com a família. As outras pessoas especiais? Visite (ou marque encontros em cemitérios, igrejas, escolas vazias e escadas longíqüas....).

sábado, maio 24, 2008

sobre o que eu não preciso (tanto)

O computador não (me) é essencial. Não mais. Com tantas cores, com tantos cheiros, com tantas novidades e levezas aí fora, para quê eu preciso voltar a atenção para uma tela estática e cheia de pontinhos luminosos como essa? Tecnologia, deixe-me! Eu ainda possuo sentimentos.

Nota: Eu falo isso porque estou na cidade encantada. Esperem só (, moscas) eu chegar em Porto Triste.

domingo, maio 11, 2008

Academias

Elas são tristes, são depressivas. Nelas as pessoas fingem esquecer a vida presa à insegurança, ao abandono social, aos males da cidade grande. Bem, eu falo das academias (não de intelecto, como as de Platão e de Aristóteles; mas sim de firmamento corporal, físico e "aparencial".). É lá que pessoas desconhecidas se reúnem para suar o corpo e esquecer da miséria da mente. Não, eu não critico o desejo de bem-estar físico. Eu -isso sim!- me entristeço pela forma como isso é feito. As circunstâncias que levaram à criação das academias corporais me parecem bem visíveis, e o ponto inicial é, como pode-se chamar, a "rotina de cidade grande". Ora, com esses centros urbanos super lotados surgiram muitos problemas (ou empasses, para quem prefere um termo menos forte...): a violência que não permite um caminhar despreocupado pelas ruas, a sujeira que priva de alguns passos sem chutar papéis, plásticos e coisas piores (cigarros! oh, os cigarros!), a poluição do ar que faz com que o corpo se sinta impregnado em poucos minutos de foligem cinza, a poluição sonora que nos obriga ouvir o barulho constante dos carros e, enfim: a falta de lugares adeqüados para os passeios (que pode ser uma conseqüência dos outros fatores antes citados). E então o ser-humano, se vendo morrer de sedentarismo, precisou criar um estabelecimento comercial que oferecesse tudo o que um dia já fora natural do e para o homem: possibilidade de movimento. Mas agora não mais um movimento livre e espontâneo (como ainda há em cidades pequenas e aconchegantes...). Não. Algo determinado, mecânico e que visa muito mais a "beleza (oh, se o corpo mostrasse o verdadeiro sentido de ser belo!)" e a aparência.
Mas esta é apenas a opinião pobre de uma mente em decadência. Ou seja: pode não valer
nada.

domingo, maio 04, 2008

Aviso

Estou esperando a criatividade voltar (e trazer junto de si mais um acréscimo de coisas...).

sábado, abril 12, 2008

De más atitiudes.

Não é fácil justificar (verdadeiramente, para quem admite o contrário) as más atitudes em relação às outras pessoas. Não se pode dar como argumento válido para desculpas o fato de que A agiu malvadamente para com B porque B, anteriormente, agira malvadamente para com A. O momento t1, não implica no momento t2; e quem afirma o contrário comete desastroso engano. Pode-se dizer que um dadmo momento t1 estava-se com a autoridade psicológica alterada (por fatores quaisquer), todavia mesmo que isso seja verdaderio não é pressuposto para má atos justificáveis. Não há justificativa alguma coerente para qualquer gesto ruim com outro alguém. O que hé é uma seqüência de atos ruins próprios que desencaderiam numa segunda seqüência de atos ruins expandidos exteriormente, esses os quais afetam pessoas em potencial de intimidade e aproximação.
Quem saiba melhor expôr, que o faça.

sexta-feira, abril 11, 2008

Das pessoas e suas atitudes individuais em sociedade

Morar numa megalópolo -a saber: "Porto Triste"- faz-me ver pequenos detalhes cotidianos -do andar de ônibus monótono ao ir no mercado escolher as frutas em promoção- como célebres atos de uma peça gregoriana, tamanho são os meus espantos e agruras fronte as cenas pitorescas com as quais me deparo.
Talvez seja apaenas uma consequência da falta de outras coisas antes abundantes -conversas interessantes, afagos inconscientes, apoio quase permanente- essa "capacidade" de observadora emotiva e deslumbrada; Bem, mas o fato é que vejo tão pouco do que quer ver (sim, minha visão se torna turva perante tantos prédios, sujeira e praticidade...) que faço-me emocionada com gestinhos e atos superficialmente tão pequenos.
Certo dia, não importa qual, em momento rotineiro da espera de um ônibus deparei-me com uma cena que, confesso, deixou-me melancolicamente alegre, ao ponto de segurar algumas lágrimas indesejadas: dois velhinhos, assim: velhinhos, passeavam calmamente, um aceitando o andar vago e cambaleante do outro, de mãos dadas. Sim, de mãos dadas! Ah!, a bonita idéia de envelhecer junto com quem é especial, com um cuidado mútuo e uma admiração crescente....
Outro fato que me fez sair da monotonia sentimental foi, desta vez, dentro de um ônibus e na mesma semana. Vi uma garotinha, assim: garotinha de uns nove anos lendo. Esprimida no banco por um senhor executivo com sua roupra preta e apertada, lendo! Ela li seu livro sem desviar os olhos e sorria, sorria lendo um livro do Pedro Bandeira...
Ah, saudade da época dos Karas, saudade da pequenez boniteza dos gestos indefinidos, saudade da minha pequenez frente o mundo, da minha alegre inocência dos tempos em que quase tudo era-me coletivo e eu não percebia. Eu não percebia...

"Seja agora o seu é. O futuro não te reservará máquinas do tempo."

quarta-feira, março 26, 2008

Sobre visões diferentes;

Eu não me importo que as pessoas sejam gordas, muito menos que não tenham "aqueeeele (porque é assim que alguns falam sobre certas coisas...) estilo", nem com qualquer sotaque, coisa alguma com o visual. Eu quero mais é que elas pensem bastante, imaginem o suficiente, criem o inesperado, descubram e defendam ideais, se responsabilizem por seus atos e pratiquem a coerência. O que eu desejo é difícil, justamente por isso o fácil e fútil qualquer um consegue.

domingo, março 16, 2008

Sobre um mal;

As etapas com as quais se depara no decorrer da existência pessoal nem sempre são bem definidas. A nitidez entre a passagem de uma fase, por exemplo, individualista, para uma visão de mundo cooperativa e, talvez, humanista, só é percebida depois da vivência nas duas. É o futuro que classificará, determinantemente, o que fomos (e expandindo: no que acreditávamos, o que defendíamos;) no passado.
Porém o que me espanta é observar que -por mais "cheia de si" que a frase possa parecer- muitos seres humanos permanecem, por um tempo longo demais, na mesma nomotonia, com os mesmos desejos e a mesma maneira de pensar e interagir com as entidades físicas, biológicas e psíquicas que satisfazem o mundo. Talvez se possa dar a essa "maneira constante de ser" o nome de acomodação interna. É o que acontece, por exemplo, com um executivo que realiza todos os dias as mesmas tarefas -usando doas mesmas táticas empresariais-, desde o escovar de dentes matinal até o adormecer exausto com a televisão ligada no canal do noticiário. Suas ações físicas são, sem exceções, as mesmas; Conseqüentemente (e isso é absolutamente claro para mim) suas "percepções" internas (ou seja: os sentimentos, as sensações, os pensamentos) serão, também, iguais as do dia anterior, que eram inguais a do do outro dia anterior, e assim por diante, como num ciclo.
Se eu fosse uma especialista na área de pesquisas médica, tomaria como objeto de estudo a acomodação interna e seus fatores, suas causas e suas respectivas reações, visando provar ser ela uma doença; típica anomalia causada pelo meio externo, e que cresce progressivamente de década para década. A posologia seria, em partes, simples: doses altas de passeios por lugares verdes e pouco poluídos, noites bincando de jogos de estratégia, leituras diárias ao gosto do paciente, momentos boçais de descontrole emocinal com direito a alterações das sensações (isto com a finalidade de aguçar os sentimentos), valoriação dos abraços e afagos, corte drástico do tempo na frente de máquinas, substituindo-as por outros seres vivos, por ar livre e por momentos (sim!) de ócio. Medicação sem reações adversas perigosas, porém com riscos de libertação moral e estado de êxtase ou plenitude pessoal.
O triste é que essa doença pouco interessa aos médicos, muitas vezes eles mesmos afetados e definhando graças a ela. Por isso só nos (a mim, eu confirmo.) resta o pouco -e muito pouco- : temê-la e tentar, de todas as formas, manter-se afastado além da linha quase invisível da alienação coletiva.

quinta-feira, março 13, 2008

Justificativas

Eu voltei (Drama demais? Não, sei bem que não é isso; É muito mais uma frase cheia de remorso pelo abandono, cheia de pedidos de desculpas; É isso.). E creio piamente que preciso justificar -ao menos ao blog solitário e as moscas virtuais que por ele pousam e defecam- o porquê (ou: os porquês, talvez um mais que um, talvez motivos vários [mas veremos, ainda!]) dessa partida sem aviso por tempo longo e essa volta (agora com um aceno de lenço branco ao longe) quase bonita, quase romântica e chorosa. Uma das coisas que posso usar como motivo é uma certa troca de "ares" que ocorreu no início do mês. Digamos que eu eu tenha abandonado o campo verde e limpo por uns muros sujos e urinados. Uma mudança nem tão bem aceita por mim (ainda...). Há também outro fator que decorre da mudança: não tenho a minha máquina de digitar junto, tendo que ser inconveniente ao extremo usando um ser inanimado que não é meu, que não pode ser sujo de café e frutas, e que não me tolera com sua tela por muito tempo. E o último argumento que tento usar para convencê-los (,blog e moscas) do tal sumiço, é que o Cronos foge e se esconde, e capturá-lo e prendê-lo num armário escuro está relativamente difícil. Espero que aceitem o que foi dito, pois não foram vãs as justificativas. Pelo contrário, somam-se verdadeiras e doloridas. É a única coisa que posso fazer por mim mesma: garantir a veracidade que sinto existir.

De último, paradiando o senhor Cantor Lulu Santos, digo que "Eu lhes fiz esse post, para perdir perdão. Tenho sido tão Vão... Mas eu ando tão Fraco; Não queria que você(s) me visse(m) tão Fraco. Mas na verdade eu não quero lhes enganar...".
Eu volto, e dessa vez sem tanto tardar.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

das interpretações inválidas;

A frase: "Tu deves respeitar os mais velhos" não está de todo errada, todavia é vista como correta por motivos falsos ou enganadores. Não dizemos que se deve ter respeito por uma pessoa de maior idade pelo simples e único fato de ela ser mais velha; isso é errôneo e lembra um uso exacerbado de poder, que pode "muito bem" ser comparado à aristocracia que comanda a classe operária em certa cidade de porte médio. A frase tem sentido se tomada pelo argumento de que o homem mais velho pode ter percepções diferentes de mundo exatamente por ter nascido em outra época. Isso sim justifica de forma lógica que se tenha "respeito" por ele, o qual pensa e vê os gestos e movimentos de maneira diferente. Partindo de outro pressuposto -esse mais amplo- a sentença também é válida: cada ser merece respeito acima de qualquer atitude, visto que é não só substância mas também forma viva e integrante da natureza.

E esse pode ser somente mais um exemplo (entre muitos outros, nos quais prefiro não me deter agora) de pequenas enganações na interpretação de frases e colocações; O cuidado com o que se deseja pensar é necessário, então.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

diálogo de carnaval;

A: "O Carnaval é uma data muito especial, cara!"
B: "É, realmente. Não é todo dia que posso ficar em casa lendo um livro."
A: "..."

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

do (meu, só) romantismo (?);

Sou uma romântica. Irremediável romântica. Tenho medo de me desfazer do passado, de esquecer dos sentimentos vividos, de jogar fora os papéis velhos e fétidos e amassados. Posso ficar horas como que hipnotizada, olhando cadernos antigos, remoendo desejos de cartas nunca enviadas, me doendo com aquelas letras soltas de diários quase que esquecidos. E me fito no espelho e repito: miserável romântica, uma miserável...

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Cotas, ainda;

É triste (e isso no mesmo sentido que se dá quando se "sente pena" de alguém por um gesto estúpido em demasia cometido pela pessoa)a "revolta" das pessoas que não conseguiram uma vaga na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na segunda-feira (isso se não cometo nenhum erro de memória) um grupo de pessoas indignadas com a perda da entrada na Federal fez um "protesto" em frente à reitoria da Universidade, exigindo "justiça" e recuperação dos males causados pelas vagas para cotistas (A saber: Cotas para alunos de escola pública e negros de escola pública [Veja aqui um resquício do preconceito...]). Estudantes estão processando a Instituição, li no jornal. Achei, muito mais que imoral, uma atitude pretenciosa e desnecessária. Ora, quem fez a inscrição do vestibular bem sabia das chances de ser aprovado(e nem observemos o quesito "quanto se estuda")no mesmo. Se tinha consciência disso e mesmo assim se inscreveu é porque acabou por aceitar o estabelecido(a contragosto ou não). Ou seja: não tem moral nenhuma de querer reclamar depois. Se havia um momento para reivindicar pelos "direitos" e discutir sobre a coerência do sistema cotista era antes do vestibular, e não depois que ele ocorreu. Hipocrisia, se chama. Só não sei se da UFRGS que implantou as cotas, dos vestibulandos reprovados que agora processam a Instituição ou se dos cotistas que aceitaram o sistema de bom grado. De todos, talvez.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Forte como o Vento, incompreensível como o Tempo

Nessas horas da tarde quase noite, quando o sol começa a tocar o horizonte e se esconder atrás do morro e os pássaros cantam canções longas e chorosas, é que lembro do passados, dos sonhos de criança, dos desejos tão simples e tão deslocados. Ser bailarina, cantar na televisão, cuidar dos (outros) animais, ter um bosque para passear, sonhar que voava, passar no vestibular, comprar uma livraria, morar e estudar em Santa Maria, fazer alguns amigos, ganhar um vestido de bolinhas, encontrar uma verdadeira Princesa, ser uma, engravidar e "ter" uma Sofia, mergulhar no fundo do mar, conhecer os Beatles, numa casinha simples de cortinas xadrez e horta nos fundos morar, escrever um livro, ter alguém para conversar, falar francês, ser a melhor, lembrar dos sonhos, não sentir inveja nem ciúmes, crescer e mais tarde encolher, querer sofrer por gostar. E então continuar a crescer e não poder encolher. Me transformar sempre no que já sou, porque me renovo a cada dia mas não mudo nunca. Forte como o Vento, incompreensível como o Tempo.

terça-feira, janeiro 22, 2008

do inglês

É uma língua mundial, dizem os empreendedores. E complementam: devemos aprendê-la pois nos transporta por todos os continentes (sim, se é mundial...), nos abre novos caminhos, nos facilita e muito a comunicação no chamado terreno moderno competitivo, além de se fazer uma cultura a mais, o que é "sempre (ainda tenho algumas dúvidas se realmente qualquer conhecimento adquirido pode ser considerado um ganho positivo [não achei redundante])" bom. Todavia me parece tão absurdo que seja "exigido" o inglês, que seja implantado nas escolas e cobrado, enquanto vemos pessoas "enterrando" o português, idioma natal e desde sempre conhecido. Não seria mais fácil se tentássemos ensinar nossos filhos a falar corretamente o que é absolutamente necessário para o dia-a-dia (digo, o tal português) ao invés aumentarmos os lucros dos cursinhos de inglês? Idioma "mundial"? Importante. Idioma real do cotidiano? Indispensável.

de parentes

De surpresa eles chegam, invadem sua casa, roubam sua cama, terminam com sua comida, espantam suas possibilidades de passeios, escravizam o seu tempo, deletam sua privacidade, detonam com suas finanças, bagunçam o seu sofá e depois vão embora saltitantes e felizes. Se chamam parentes, aqueles seres que aparecem uma vez por ano e traumatizam por uma vida inteira.

(Lembro que nem todos são assim. Mas... será?)

quinta-feira, janeiro 17, 2008

das grandes cidades

Antes um mato, agora um trapo. Desse jeito simples e pouco sofisticado que pensei nas tais megalópoles, aquelas cidades grandes onde o que mais se vê é sujeira e restos de humanos estendidos pelo chão. Será que é mesmo preciso de todos aqueles prédios, de todas aqueles carros, de tanto barulho e lixo para se viver? Não é opção, alguém de gravata grita lá do último andar. E é o quê?, eu pergunto. Sei que não posso ser injusta, porque, para alguns humanos, realmente não é opção. Não há como dizer que um filho de um pai alcoólatra desempregado e mãe analfabeta submissa tenha muitas opções. Não tem. Cresce num meio que não lhe oferece perspectivas de melhora, e passa a achar que é absolutamente normal viver com fome numa cidade fedorenta e poluída. Triste, mas verdadeiro. Agora, uma pessoa mais instruída, que pôde freqüentar uma escola e tem uma noção do que é melhor para si... ora, ela tem opção. E tem porque se dá conta disso, apenas.

Cada vez creio mais que "as coisas estão como estão" porque não há uma consciência de bem-estar coletivo. E isso se deve (tente me convercer do contrário!) ao sistema capitalista que implantamos e afomentamos. É o desejo do lucro que freia o desejo de se sentir bem. Para um dia alegre não são necessários o engarrafamento nas ruas, a poeira cinza nos ares, muito menos a tristeza de quem não tem opção. E isso depende de cada um e seus respectivos gestos. Cuide do que faz de sua vida.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

A Idade da Razão

Enfim, férias! Foi esse o meu pensamento ontem. Passou-se um dia e já não sei mais o que fazer com os segundos tolos que se arrastam nessa casa alta e cheia de janelas. Ler, talvez. É, foi o que restou. De um golpe devorei "A Idade da Razão", do Sartre. E me senti vazia, trasparente como nunca. Não há como dizer que seja um livro fantástico, realmente fica bem aquém disso. Todavia, a estória é envolvente, uma bela analogia ao "ser livre", ao "se aceitar". Há o Mathieu, homem que seguiu sua vida buscando a liberdade, não querendo envolvimentos profundos, rogando desgraças ao tipo burguês do dia-a-dia. Deixou de viver o presente pensando na liberdade do futuro. Eis que se deparou com o inevitável: era tão preso à vida quanto qualquer outro. Era um corpo de ar, trêmulo ao vento, vazio, porém cheio de sentimentos. O que há de livre nisso? Absolutamente nada. Dessa revelação se fez sua "idade da razão". Outra personagem interessante é Daniel, um homossexual que tem nojo de sua "condição". Em certa cena do romance (dou-me o luxo de classificar assim) pensa em cortar o próprio pênis, porém, cheio de medo, desiste, amaldiçoando a existência. Digo que não há como não se sentir um pouco abalado depois de uma leitura dessas. Algo como se dar conta de certas coisas, acordar para a tal da dor que é viver. Sim, Sartre, transformaste meu sábado num inquietante e desolado domingo. Agradeço.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

do que espero

É, lá vou eu. Uma semana de inconstância até a hora de ver meu nome escrito naquela bendita (ou maldita, ainda não consegui classificar com precisão...) lista. Isso cogitando a hipótese de que ele esteja lá. Mas estará, estará, e vou crendo que estará, nem que em último lugar... E agora me é até engraçado pensar que passei um ano da minha vida direcionando "tudo" ao vestibular: horas, tardes, leituras, palavras, discussões, cálculos. Um ano. Se foi positivo não sei, nunca hei de saber, nem ao ver o nome naquela lista. Será que vale tanto por uma vaga numa federal? Eu poderia ter lido tanto Nietzsche, tanto Sartre, tanto Hobbes, tanta mitologia grega, tantos clássicos da literatura brasileira. Poderia ter aprendido sobre lei e ordem, poderia ter feito conclusões acerca da moral quase esquecida. Ter olhado mais para o verde e menos para o cinza, caminhado mais na floresta, fundado uma instituição de ajuda ambiental, recolhido alguns destroços humanos por aí. Todavia, como nossas conseqüências dependem de nossas escolhas (será?) só me restava um ano fazendo exatamente o que fiz: desejando uma vaga na federal. Foi um ano que decidirá sobre todos os próximos. E meu nome estará lá.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Céu

O céu é um grande fazedor de mentiras. Basta que olhemos para ele por um tempo, de prefêrencia deitados em algum gramado bem verde, e as coisas ruins desaparecem. Ilusão, talvez...

terça-feira, janeiro 01, 2008

Hipocrisia mundial

Hoje acordei em dois mil e oito e, espantada, descobri que as coisas continuam todas iguais. As injustiças não acabaram, as armas continuam sendo fabricadas, animais (humanos ou não) ainda morrem por quase nada, mais e mais vidas são acimentadas. Veja só, que triste, não é? Como pode iniciar um lindo e fantástico novo ano cheio de felicidades e pessoas sorridentes se tantos fatos e atos ruins não cessaram? Para mim é uma incógnita. Um mistério não desvendado...

E na noite de trinta e um de dezembro de todos os anos reina a hipocrisia mundial. Pelo menos nessa data as pessoas não a escondem, assumem-na de uma forma descarada. Sorrisos, abraços, dizeres amistosos, espumantes espumando, mesa farta, barulhos em excesso, fogos coloridos. E lá no fim da rua alguém sem chão, sem comida, sem abraços, sem pessoas. Dura vida real da noite de fim de ano e de todos os dias. Vê agora por que não há motivo nenhum para comemoração?

Se é para se ser otimista que se seja todos os dias. Que se celebre a vida em cada manhã, que se acredite num futuro de mudanças em cada novo passo, em cada novo segundo. E se substitua as promessas por ações, os pedidos por doações, as felicitações por poesia e as simpatias por sonhos.