sexta-feira, dezembro 28, 2007

Permissões

É difícil conseguir saber o que é permitido, atualmente, nessa nossa complexa (e "lucrativa"!) sociedade. Num mundo capitalista em que o lucro define as barreiras do certo e errado (que já estão destruídas há muito tempo, diga-se...) é complicado para nós, reles mortais da classe média nada operante, definir um estágio do "viver bem" dentro dos padrões permitidos por esse mesmo sistema. Para os menos favorecidos economicamente são passados (pela mídia, pelos meios de comunicação em massa) como bons os princípios e morais antigos (honestidade, sinceridade, ajuda mútua, etc), aqueles onde cada qual deveria querer o seu próprio "crescimento" sem afetar de maneira negativa o outro. Todavia, o que vemos praticado pela pequena massa da aristocracia é um tanto diferente: corrupção, desvio de dinheiro, roubo público, atitudes nada cooperativas. E assim a dúvida cresce e corrói: o que é e o que não é permitido quando o tema é o bem-estar individual?

Creio que muitas das coisas poderiam ser diferentes se os desejos (e, anteriormente, os pensamentos) fossem diferentes, se o simples e agradável fosse o foco central. Por que querer dinheiro (e todos os produtos consumistas [e por deveras fúteis]) em excesso, por que sempre partir nessa busca desenfreada do lucro? Antes abraços em excesso, pensamentos em excesso, florestas em excesso, sensações naturais em excesso. Ou apenas o equilíbrio, que sabemos: o mais difícil de alcançar. Permitir-se o simples, o desapego a definições. Permitir-se o auto-conhecimento, o conhecimento verdadeiro do próximo, permitir-se a união. Permitir-se ser só, ser guiado, permitir-se confiar. Permitir-se o sorriso, as mãos dadas, permitir-se sonhar. Permitir-se permitir.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

da economia

Todos os dias (ou ao menos uma vez por semana) ouve-se o Senhor Luis Inácio Lula da Silva (ou um dos seus numerosos assistentes) comentar (e que comentários!) da melhora na economia do país. Ora, você, morador dessa nação tropical, percebe isso? Onde isso reflete? Para a população, para a massa menos favorecida dos brasileiros, isso de nada adianta. Resultados efetivos que contribuam para o bem-estar geral não existem, são mera ilusão criada por um governo (não de hoje, de sempre; Desde o dia que você conseguiu assimiliar a palavra "política" que sabe disso...) falsário e imoral. Claro, sabe-se (e isso é fato) que o preço dos produtos estrangeiros estão mais baixos, mais acessíveis; todavia isso não é benéfico à economia brasileira, muito pelo contrário. O real está sendo supervalorizado, e se, um dia, chegar a se igualar ao valor do dólar a queda economica será muito danosa (sim, mais do que já é...). E como mudar isso? Desculpe, eu não sei...

Ainda acredito que pequenos gestos criam mudanças e que elas podem ser positivas. Valorizar os produtos do país é tão simples e ato tão pouco "concretizado". Que tal tomar um refrigerante (sim, aquele com gosto de simples água com açúcar) da sua cidade no lugar da "Coca-Cola dona da metade do mundo"? É, faz sentido...

quarta-feira, dezembro 05, 2007

do Caio Fernando Abreu

Quando leio Caio me sinto indubitavelmente mais viva. E isso não é constatação que eu confessaria assim tão fácil e simples num tempo atrás. A escrita do Caio me deixa atônita e estremecida, e a surpresa inicial de suas palavras é surpresa constante aliada ao reconhecimento de fatos tão meus em vidas tão distantes. Seus contos, por alguns criticados e desconhecidos, contemplam-nos muito bem ao fazer a junção do significado da palavra viva com o criativo surrealismo incomum que resulta num realismo mágico tão fácil de captar, tão fácil de aceitar como seu. Ele não escreve procurando as massas ou algum tipo de grupo ideal, escreve procurando reproduzir o que sente: essa falta de solidariedade tão presente neste mundo atual. E é isso que mais me cativa: seu jeito tão seu de expressar em palavras o quase imperceptível.


"Então, admitiu o medo. E admitindo o medo permitia-se uma grande liberdade: sim, podia fazer qualquer coisa, o próximo gesto teria o medo dentro dele e portanto seria um gesto inseguro, não precisava temer, pois antes de fazê-lo já se sabia temendo-o, já se sabia perdendo-se dentro dele - e finalmente podia partir para qualquer coisa, pois de qualquer maneira estaria perdido dentro dela."
Caio Fernando Abreu;

terça-feira, dezembro 04, 2007

Pensamentos do último mês de todos os tempos.

Porque o mundo está acabado. É isso mesmo o que sinto. Ele se acabou, foi ficando mais velho, mais cansado, mais acomodado com as palhaçadas feitas pelo bicho homem que resolveu desistir e agora padece. É como naquele dia em que você acorda, se olha no espelho e não sabe o que vê: um humano, uma junção de pele e pêlos? Uma farsa, enfim decide. Mas criada por quem? Então relembra tudo o que já viveu e percebe como foi em vão porque é certo que um dia tudo secará, inclusive as lembranças. Devemos nos permitir esses pensamentos tristes sobre a existência? E permitir, é o que? Acho que vou fazer como o mundo: esperar a esperança que não vem.

Mafalda e sua vontade de mudar o mundo.

Estou encantada com uma garotinha: Mafalda, o nome dela. Apesar de conhecê-la de longa data, apenas agora, durante as minhas excursões na internet em busca de uma coisa qualquer interessante para ler (e não me reprima! Esta sim é uma tarefa árdua, muito mais complicada e cansativa que sentar em frente a uma televisão com seus pigmentos coloridos...), foi que realmente a descobri, com todo o seu charme e graça. Quem nunca leu as tiras desta menina não sabe os minutos bem aproveitados que perde. Claro, deve haver algo melhor a fazer, mas ler Mafalda (a criança do jardim de infância mais curiosa e preocupada socialmente que eu conheci) já é o suficiente quando se quer rir com um humor inteligente. Acho que todos os pais (ou aqueles que ainda não o são, mas desejam um dia ser) "deveriam" sorrir com duas ou três destas tirinhas.

Então, fica aqui minha dica. Guarde uns minutinhos do dia para sorrir e aprender a detestar sopa. (Não vou colocar nenhum endereço de página com tiras neste blog; Procure você mesmo se quiser ler [e isso será um indicativo do tão quão acomodado com o sistema você está!]).

quinta-feira, novembro 29, 2007

Tática

Se você é um político eleito e pensa em se reeleger: construa estradas. Nada chama mais a atenção da população do que obras com grandes máquinas. Asfalte as ruas outrora de pedras, concrete as calçadas. Se precisar derrube árvores, decepe o verde, prefira o cinza melancólico das coisas sem vida. Ora, não tema. As pessoas (ou muitas delas) não se importam, elas gostam da modernização e do "novo". Condenam o passado e ignoram o antigo. Querem tecnologia e acreditam que isso traz bem-estar e alegria. Ignorância triste a das pessoas. Não sabem elas, por acaso, que de quase nada precisamos para ter um bom dia?

terça-feira, novembro 13, 2007

de ironias

Ironias geralmente são feias e deixam a pessoa que as fez mais feias (Já que uso pela segunda vez a palavra "feia" sem aspas considero que devo uma pequena explicação sobre a mesma. Bem, uso "belo" e "feio" em sentidos um pouco diferentes do que a maioria das pessoas que conheço. Saiba que o "belo" não tem nada de físico ou aparente aqui. Ser [ou parecer, apenas] "feio" implica no grau de consideração que tenho pela pessoa, dependendo dos gestos e atitudes dela. Ok?). Não use da "habilidade" de criticar com piadas sorrateiras ou de maldizer com termos disfarçados. De nada vale querer uma ofensa (ou uma pequena afetação do próximo) em que o ofendido não tenha a chance (por não ter certeza de ser a "vítima") da melhora.

Se é da essência a maldade só resta a criação elevada do bem.

sábado, novembro 10, 2007

do que se precisa

É fácil justificar (e/ou criar) uma causa a partir de sua respectiva conseqüência. E é isso que fez surgir a mitologia. Por que a colheita fora tão boa? Simples: Thermuthsi, a deusa da fertilidade, deixou cair suas lágrimas sobre as plantações todas, fazendo assim com que os alimentos germinassem e crescessem sem falta de chuva ou sol. Por que ocorrera o grande dilúvio? Diz-se que Ball, o deus da tempestade, agiu intensamente após uma briga com Éolo, deus do vento, originando uma derradeira queda d'água. Na antigüidade era muito mais fácil inventar um ser qualquer para designar a causa dos fenômenos naturais e também sociais. E assim a vida seguia sem demais questionamentos, visto que tudo poderia ser explicado por uma estória fantasiosa. Agora o deus é uno, tudo sabe, tudo vê e, principalmente, de tudo é capaz. Porém suas façanhas só são possíveis pois precisa-se de algo que justifique o que a ciência e o conhecimento humano não conseguem explicar: a vida, seus significados, sua origem, sua seqüência. E ele viverá ainda por muito tempo, mesmo que os ateus tenham ótimos argumentos contra, mesmo que se criem blogs e revistas maldizendo o criacionismo, mesmo que discursamos em praça pública a favor da ciência e da razão. Viverá até que se deixe de explicar a causa com base na conseqüência.

terça-feira, novembro 06, 2007

Caso

Caso queira fazer algo, tente. Nada contribui mais para os resultados (independente de quais forem eles; positivos ou não) do que a tentativa.

É a única coisa que consigo dizer agora sem parecer incoerente e confusa. E isso não é um conselho, apenas pode parecer um.

sábado, novembro 03, 2007

Crianças

Elas não se importam se sua roupa se encontra suja, se sua boca abre e fecha ao comer, se seus cabelos não são lisos, se você gosta de funk ou MPB, se você escreve "erado" ou certo, se você não toma banho todos os dias, se o jantar é às sete ou depois das dez, se o tempo passa rápido demais, se é dia ou noite (qualquer horário parece servir para qualquer coisa).

E então elas crescem. E passam a se importar.

Os números precisam ser exatos, o tênis deve estar sempre limpo, a aparência precisa agradar, o cheiro precisa ser de perfume, a grama não é mais lugar para se deitar, a risada só mecânica, o sol faz queimar, as núvens apenas trazem chuva (e não mais dragões e o personagem daquele desenho animado), a corrida somente atrás do ônibus, abraços deixados para os aniversários, apertos de mãos ao acaso dos negócios, a noite se torna companheira do sono, os colegas se chamam de amigos, e a expressão passa a atrapalhar.

Eu espero muito que você não cresça.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Estorinha sem propósito.

Em certa civilização consciente (e até demais, até depois do ponto) de sua importância, eis que...
"Palmas para 'A' e 'b', pessoal! Vamos, 'A' e 'b' merecem!"(frase dita pelo ser de comando). "Êêê, um viva ao 'A'! Viva! Parabéns 'A'!" (frase exclamada pelos seres de apoio). E as palmas se sucedem.

Sim. 'A' é, sem dúvida, melhor que 'b'. E, além disso, sempre sorri mais.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Tópico utópico

Eu gostaria de saber, mesmo sendo apenas esse emaranhado de moléculas facilmente substituível, por que coisas como "a formação do universo, a 'descoberta' do zero pelos Hindus, a importância do livre pensamento, as idéias de Nietzsche e a melhor forma de se acabar com o preconceito entre os seres (entre outras, claro)" não "caem" nas provas de vestibular.

É revoltante "ter" que decorar os principais países produtores de milho, responder sobre a já tão batida Revolução Francesa (que, se analisada minunciosamente, foi apenas mais um levante de insatisfeitos com o poder central e que, também, aconteceu em muitas outras nações apanas com nomes diferentes [como não poderia deixar de ser]), escrever uma redação padronizada que (quase) nada de criativo permite. Agradeço a mim mesma por gostar de aprender e ter um sistema imunológico desenvolvido, pois se assim não fosse a revolta seria infinitamente maior e a coesão textual chegaria ao zero. Não, eu não sou contra o vestibular. Sou contra sua forma de aplicação, tão somente.

O que, de alguma forma, acaba surgindo em meus pensamentos sempre que perambulo pela área da educação é: ela própria é a base. Se se desse o merecido valor ao prazer em aprender muitas coisas seriam diferentes. Inclusive as exames de vestibular. Porque, assim, a vida seria vista de outra forma. Então, com as pessoas crescendo livres de preconceitos, incentivadas no hábito de debater, com livros sobre as mesas, desapegadas à tal da "teconologia-lixo", nem universidades seriam necessárias. O mundo todo seria uma constante troca de conhecimentos.

Utopia?

domingo, outubro 28, 2007

Importante I

Começo a pensar (veja que isto pode ser uma grande descoberta para mim, apenas) que o melhor para se manter consciente e com pensamentos lógicos e coerentes é dormir um certo tempo determinado. Acostumar o organismo, digo. Claro que nenhum ser humano (nenhum que eu conheça) consegue se manter desperto e com pensamentos claros dormindo somente quatro horas por dia, mesmo que faça isso todos os dias. O mais interessante é que ele não faz isso todos os dias, unicamente, por não conseguir. Pois se conseguisse se manter acordado por vinte horas todos os dias, conseguiria dormir somente quatro por ter adquirido o "costume". Mas... se ele faz isso todos os dias, como não consegue se manter? Acho que uma idéia acaba por não implicar na outra (como em muitas coisas). Ou seja (atente que essa expressão recém citada quer concluir absolutamente nada. Conclusões não existem pelo fato de que nada é acabado. Cometo um erro: qualquer coisa é acabada no exato instante em que aconteceu. Sendo assim: anule muitas coisas desses parêntesis.): se o sujeito faz isso diariamente é porque conseguiu. Viu como uma explanação falha pode resultar numa miscelânea? Claro, foi óbvio demais (será? será que não consegui lhe confundir por algum tempo [não que esse seja o principal "objetivo" do texto. Afirmo que não é!]?). E tudo isso para chegar num único final (mas se é final já não é único?): Qualquer pessoa pode falar sobre qualquer coisa, inclusive sobre aquelas que finge saber. Confundir é fácil e usar palavras em vão é mais fácil ainda.

sábado, outubro 27, 2007

Moacir de Iracema

Certos dias tem "um quê de diferente", seja isso agradável ou não. Assim está sendo o meu sábado (que é seu também). Acordei com a lástima da manhã numa hora em que o sol ainda não havia surgido (veja: dia nublado e não hora pequena). Pus-me a catar coisas a fazer e logo descobri que a única forma de preencher um espaço vazio era ignorando-o. E assim surgiu a idéia do estudo de fórmulas químicas (as quais preciso saber numa avaliação futura), prolongado até o momento que se faz o resto da manhã. Havia chegado o meio-dia e com ele a difícil decisão do que almoçar: ovo com pão ou apenas ovo (esta refeição miúda [?] se faz presente na minha vida desde que decidi parar de consumir outros seres vivos [claro que se deve, também e principalmente, aos dias rasos de fim de mês]). Como não havia pão (não um facilmente consumível) escolhi apenas o ovo. A tarde chegou com uma situação nova e esperada: Passar algumas horas ouvindo mais que falando. Uma "conversa na sala (como certa pessoa gostou de enfatizar)" com o também médico Moacyr Scliar. O escritor nada disse que tenha me surpreendido de forma muito reveladora (com a exceção de certo pensamento, o qual eu nunca havia tido [direi-o depois]). Todavia seus comentários se fizeram graciosos e interessantes, e pude retomar diversas coisas já minhas conhecidas (analogias com as obras do grande Machado de Assis, a relação de aliança entre a História e a Literatura, a carga cultural trazida pelos imigrantes ao estado do Rio Grande do Sul, a importância das estórias passadas oralmente, o dia-a-dia da Academia Brasileira de Letras,...). Algo um pouco triste de se perceber foi o respeito dispensado por quem mais o clama: os professores. E falo isso pois a tal "palestra" foi preparada especialmente aos educadores de vinte e dois municípios aqui da região dos Vales, no interior do Rio Grande do Sul. Os diálogos paralelos (como eles gostam tanto de dizer!) aconteceram durante todo o evento, deixando algumas pessoas profundamente desgostosas (e eu me encontro entre elas). Não seria um pouco estranho que isso venha de quem vive a pedir silêncio entre os alunos ("Enquanto um fala o outro escuta!")? Bem, algumas conclusões (não digo que corretas) podem ser tiradas e não precisam de mínima exposição aqui. O que o Moacyr disse e que me fez pensar um pouco mais foi o seguinte: acabamos por gostar dos livros pois eles representam, inconscientemente, uma força protetora, uma segurança garantida que simboliza nossos pais. Segundo o escritor, quando somos pequenos e nossos pais contam-nos estórias, essa imagem (de, como exemplo, adormecer com o pai ao lado da cama lendo um livro) segura permanece "embutida" em nós. E essa é a chave principal para o carinho que se tem, ao longo da vida, com os livros. Não sei muito bem o que penso a respeito disso, pois não lembro muito de certa fase de minha infância, não consigo formar com clareza a imagem de qualquer pessoa lendo um livro para mim. Mas o que não consigo esquecer são os momentos que passei olhando as figuras coloridas de livrinhos com poucas palavras, as horas dedicadas aos gibis, a alegria ao descobrir um livro ainda desconhecido (óbvio, claro), a impaciência na hora da compra de uma nova revistinha. Disso lembro-me muito bem. Minha vida deve ser um pequeno livro, quem sabe um conto de fadas.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Nada gradual

Eu estou totalmente ruim para escrever ultimamente, e as pessoas que entram aqui -neste decadente blog de alguém que está cansada desse ano- são obrigadas (eu sei que não) a ler o que eu escrevo. Me perdoem pela falta de coerência nas postagens e em todo o resto. Não quero me acostumar a não escrever e estou -mesmo que isso seja um pouco complicado (e você, humano desconhecido, não compreende pois é apenas você mesmo e não eu)-, de alguma forma, tentando fazer com que isso não aconteça. Aguarde as próximas postagens e me diga se o que acontece comigo é uma piora tão visível assim. Eu espero -mesmo que sem muita esperança- que esta seja apenas uma pequena fasezinha de falta de criatividade e tempo. E por que o tempo me parece curto (e aqui há um grande impasse. O tempo é, na verdade, curto e longo demais. Curto pois não consigo realizar tudo o que "preciso" e longo pois demora a passar e trazer o próximo ano [e junto o fim dessa bagunça louca que virou minha "rotina"])? Porque eu descobri que não sei muito de algumas coisas que preciso saber para poder continuar estudando no ano que vem, e que dois meses parece pouco demais para se aprender. Então o que me resta é deixar coisas importantes de lado em prol de algo não menos importante que vai -mesmo que eu (ou qualquer pessoa) negue e finja que não- ser decisivo na minha vida (será que dou [damos] muito valor ao que não necessita de tanta valorização assim [bem, se se dá valor é porque aquilo, para quem o dá, é realmente importante de se valorizar {confundi?}]?).
Então você, miserável que visita esse blog, me ajude a não ficar (mais) mecânica e frívola. Eu quero continuar sentindo prazer em escrever, ler, aprender, ouvir e falar. Quem sabe isso não seja mais tão possível assim. Quem sabe eu já esteja no último fiapo do tecido e nenhuma agulha resolva mais.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Bem fácil

Todas as pessoas são egoístas. Em algumas o sentimento (será que é um sentimento? sempre fico em dúvida de como devo classificar as coisas [e devo?]) parece um pouco menos visível e outras até lutam para acabar com ele (como se fosse possível, oh Rei dos Justo!). Mas ele existe e se manifesta em qualquer hora; seja na divisão da última fatia de pizza, seja no pedaço da corda que salva do precipício. Eu enxoto, poiso, esmago, escondo, almadiçoo, mas sinto (e ele se manifesta agora: Saia deste blog! Ele é meu e só quem tem o direito de se lambuzar com essas palavras sujas [mais tolas do que sujas, na verdade] sou eu!).

Outra coisa que é bem interessante e pode render algumas linhas (as quais surgirão daqui em diante) é, também, o fato de que é o amor (ah, detalhe: eu uso amor vagamente! Dê o nome que quiser para esse gostar/adorar [que prefiro nem nome dar, realmente]) um dos sentimentos mais presentes. Engraçado que por mais que se mantenha reservado e tente se fingir que ele não existe, e que se disfarce e omita e negue, nada deixa de ter alguma relação com ele. Eu sei de sujeitinhos (e falo contigo, oh Rei dos Justos!) que o embrulham dentro de um saco de farinha (que faz o pão!) por algum tempo bem, muito bem!, longo(auto-análise, conhece?) como certa forma de proteção ou, melhor, receio. Não que isso seja "discutível", claro.

Será que não há algo central que origina todas as outras coisas e qe faça dela tudo originar (não, irmão, eu não falo do seu deusinho onipresente)? Quem sabe uma energia muito grande que controla tudo (não porque ela assim deseja. Na verdade nem consciente ela é;) e faz o mundo girar? É, eu sei que a "Grande Explosão" já foi imaginada. Apenas finjamos algumas coisas (como a inexistência do egoísmo e a revelação daquilo que as massas chamam de amor) e pensemos n'outras (diferentes das fingidas). Vamos lá! Façamos aquilo de quê somos capazes -que é viver sem ter qualquer outra escolha (e cuidando dos dentes com copos de leite cheios de cálcio!).

domingo, outubro 14, 2007

do ponto que não é final

Li num fórum dum site dias atrás que nós, gaúchos, "reclamamos de barriga cheia". A discussão era sobre a educação brasileira, as escolas públicas e o modo de convivência e troca de informações entre o aluno e o professor. Segundo a pessoa que fez o comentário os gaúchos reclamam constantemente de tudo, esquecendo e não percebendo a miséria em que se encontra o resto do apís -principalmente os estados do Norte. "Se vocês andarem pelo país e vierem aqui para cima ficarão constrangidos ao verem o sucateamento e a pobreza das nossas escolas. Alegrem-se e agradeçam todos os dias pela boa educação, pelo alto nível dos professores e pelas salas de aula que o RS possui", disse ele (que não sei o nome nem quem é).

Ora, meu ilustríssimo cidadão, agradecer? A educação do estado parece boa? Pois ela já foi bem melhor. A decadência gradativa e lenta não é nenhum motivo para se comemorar. Estamos perdendo o tão aclamado "status" de estado modelo para o Piauí (não desmerecendo nenhum estado, claro)- que é o "top" atual no quesito ensino. Isso mostra que sus argumentos não são tão "reais (e prefiro essa palavra, mesmo)" assim...

E agora nossa querida Governadora (Yeda Crusius, prazer) resolveu inovar nessa área (com o total apoio [como não poderia ser diferente] do senhor Presidente da República): criou o projeto da "enturmação" (em que amontoou os alunos em salas apertadas e impróprias, visando um maior número de aprovações), resolveu que vai aderir ao tal do REUNI (leia mais sobre aqui), e cortou uma verba bem "graúda" destinada à educação (Estado "falido" que precisa, de algum jeito, se reerguer, segundo a tia).

A cena geral rio-grandense é tão trágica que até é capaz de me fazer rir. E, enquanto isso, o assalariado assiste à novela da rede Globo. Pergunte a ele o que ele acha disso tudo e você ouvirá um "Isso o que? Ahh, tu tá falando daquele novo ator? Sim, ele é...". O trabalhador de "nada" sabe. E há "salvação" quando o descaso do próprio prejudicado é maior do que o descaso de quem prejudica?

quarta-feira, outubro 10, 2007

de quem não sente

Quem não se interessa pelas desgraças alheias, quem não se importa com os acontecidos de seres desconhecidos -que relação nenhuma com sua própria vida e sentimentos têm- é alguém "sem coração".

Para se ser considerado afável e bondoso é necessário muito mais que existir (não sou eu que acredito nisso). É preciso estar ciente das mortes de estranhos -e sentir tristeza por eles!-, é preciso se espantar com qualquer acidente de trânsito -mesmo que esse foi em outro estado-, é preciso comentar com os vizinhos da vida do filho do prefeito, da mãe da professora, do tio da assistênte social. É preciso falar do que pouco se sabe. Isso sim que é válido para os seres humanos "com sentimento".

Conversar com quem sente falta de palavras, distribuir sorrisos ao invés de dinheiro, ensinar o que se sabe, abraçar quando e quem se tem vontade, recolher restos de lixo do chão da praça - isso não é válido. Para esses pequenos gestos o valor é mínimo, a consideração é nula.

Não faça de sua vida um amontoado de causas perdidas. É dos sentimentos que surgem as ações.

(Também não dê conselhos.)

(Para quem se sentiu perdido ao ler, uma luzinha: eu sou um ser "sem sentimentos", segundo muitos. E acabei, hoje, por abominar quem "sentimentos tem". Um pouco mais explicado? Ok. Os dois primeiros parágrafos são afirmações que tirei por base no que observo e considero hipócrita. O "resto" se parece um pouco comigo [não que eu não seja, algumas vezes, hipócrita também].)

domingo, outubro 07, 2007

do que se faz difícil

Os humanos (salve exceções) têm sérias dificuldades com coisas espantosamente simples. Usar um objeto de plástico (descartável) e após jogar na lixeira causa um transtorno derradeiramente enorme, e é por isso que muitas vezes esses objetos são largados em qualquer canto de chão. Os utensílios domésticos e os "interceptores" de luz também confundem bastante o limitado raciocínio dos humaninhos. Tanto que parece, para eles, melhor estar sempre "usando" (ou: não desligar nunca). E isso -de ter dificuldade com o "básico"- se estende por outros caminhos, também. Vejamos: o que é mais cômodo e fácil: mentir para desaparecer com um "erro", ou falar a verdade assumindo o mesmo? É, esses seres "evoluídos" paracem preferir a primeira opção. O que é trétrico e nada confortável.
O que pode nos deixar mais alegres (ou não, dependendo quem és tu) é que, por incrível que...pareça!, ainda existem pessoas que não sentem tanta dificuldade nessas simples ações. E, o mais legal!, existem aquelas que, além d enão sentirem nenhuma dificuldade, auxiliam as que sentem.

Pois é; Quem sabe ainda podemos reverter algumas coisas.

domingo, setembro 30, 2007

Contagem - do que quero mas não sou capaz

Eu queria mudar o mundo. Com gestos pequenos, quase imperceptíveis à massa gigante que finge não ver. Não ver as árvores cortadas de um antigo mato repleto de outras vidas, não ver o problema que é trocar a terra pelo concreto, o verde pelo cinza. Em coisas assim eu gostaria de ter a importância necessária para a mudança. Porque não desejo o reconhecimento (bem sabes) de qualquer ação, desejo apenas a melhora disso qeu chamamos "viver em sociedade" - buscar a harmonia que pode, sim, ser atingida entre os seres. Sou contra o especismo, mas "tenho" um cão preso na coleira - que sempre será o seu confinamento, a sua tristeza diária. Abomino o preconceito, mas convivo com pessoas que murmuram em baixo tom "olha a cor", "só podia ser..." (e o mais triste: não consigo alterar essa limitada visão e existência [porque não basta existir para se estar vivo, não basta...]dessas mesmas pessoas).

Vou contra o sistema, mas -no final- acabo seguindo a estrada com ele (e sempre pela mesma estrada...). Como fazer para que nossos pensamentos se externem em ações efetivas? Como cruzar a rua da indignação e atingir a chegada da mudança? Eu queria mudar o mundo. Mas não sou capaz disso sozinha.

sábado, setembro 29, 2007

Eu gosto é de cantar

Hoje foi uma noite de lembranças (se esse pode ser um post pessoal [quem sabe até sentimental] e pouco interessante? Sim, ele pode. Saia antes que minhas palavras se revertam em lágrimas.). Coisinhas pequenas e doces surgiram em minha mente, enquanto eu ria e mostrava os dentes e sorria de novo, e apertando uma mão contra a outra "lutava" para não chorar.
Houve um "sarau" de corais (pouco divulgado por culpa da incompetência da secretaria de cultura do município) aqui na minha cidade, e eu, recheada de lembranças, resolvi ir assistir. E por que essas lembranças todas? Porque eu gosto é de cantar. Gosto tanto que já participei de três corais, sendo o último o meu refúgio. Foi com ele (o coral) que eu passei alguns dos momentos mais engraçados vividos até hoje. Foi com ele que eu aprendi a aceitar que, bem, nem sempre somos os melhores, que nem sempre somos os principais atores dessa peça chamada Vida. Foi com ele que eu percebi que pouco importa o que os outros pensam sobre nossa lucidez (ou falta dela), e que, sim!, se pode cantar em qualquer lugar -seja um shopping decorado até o teto com luzes de natal, seja um trapiche de uma praia deserta. Foi por causa dele que passei a ver as pessoas de outra forma, a encarar algumas diferenças como absolutamente normais, a dormir em quartos com pessoas desconhecidas, a compartilhar melhor a comida, a sorrir para o outro sem receio de não receber aquele mesmo sorriso de volta. E, o mais importante: foi nele e com as pessoas que dele faziam (e ainda fazem, algumas) parte que eu pude cantar. Abrir a boca, externar o som, sentir as vozes unidas fazendo meu corpo entrar no mesmo ritmo e, até -em poucas vezes e de uma forma nada "comum"-, chorar. Vozes formando lágrimas. Era isso que acontecia.
É, acho melhor parar com o momento "minha vida e seus mais emocionantes momentos", pois você, querida pessoa que (ou por não ter nada de melhor a fazer, ou por realmente acreditar que desse texto ainda pode sair alguma coisa razoável) me acompanha, já deve ter cansado. Então, continuo falando sobre o tal do "sarau". Pois bem, fui assistí-lo. Eram seis corais se apresentando, e as músicas - como não podia deixar de ser- eram muitas cantadas em italiano. O segundo coral que subiu ao palco, adivinhe!, foi aquele do qual falei no parágrafo anterior. O meu coral. Bati palmas, sorri para todos os integrantes, pisquei para o regente, e cantei -mesmo rouca- fervorosamente todas as três primeiras músicas. Eis que chega a quarta. Aquela que eu esperei por meses para novamente ouvir, para novamente sentir seu ritmo encharcando meu corpo. "Te Quiero(do Mario Benedetti)" é seu nome. Fechei os olhos. Esperei a música começar. E ela veio. Veio cheia de vida, aguda com as vozes das sopranos fazendo a parte inicial. Depois, forte como trovões, entram os graves tenores. E, por último o contra-alto. Abri os olhos. E pensei, com uma dor estranha, que eu só queria poder estar também lá cantando. Era só isso que eu queria. Porque eu gosto é de cantar. Então, enquanto todas as vozes faziam um sensacional tom que sempre me faz vibrar, foi que as lembranças surgiram. Nítidas como dificilmente outra vez surgirão. E eu lembrei de coisas que jamais voltarão (como tudo) e que me tornaram a pessoa que sou hoje. Palavras não bastam para descrever a sensação que tive. Tão grandiosa e doída como ela só. Quando a música chegava ao final eu chorei. Enclinei a cabeça para baixo e uma lágrima quente escorreu, depois pingou ligeira na minha perna direita e evaporou. Minhas mãos batiam uma contra a outra em palmas frenéticas (que era o que todos faziam: bater palmas) e meus lábios se esticavam em sorrisos desajeitados. Mas, na verdade, o que eu realmente queria era não estar naquela cadeira macia dos espectadores, e sim em cima do palco com os tais dos cantores (dos meus companheiros de viagens exaustivas e dias ensolarados - que era o meu real lugar. O "sarau" acabou, os cumprimentos chegaram. Os abraços de "guria, que saudade de ti; Por que não volta? sentimos tua falta; Amada, eu vi a tua carinha triste na Te Quiero. Não fica triste não...; Mas não tem mesmo como faltar o curso na noite do ensaio?", os apertos de mão, as piscadelas (sempre elas!) alegres daquele que coordena, as palavras sussurradas. Depois voltei pra casa (porque ainda há um caminho). Voltei pensando que eu gosto é de cantar. E que não há coisa no mundo que seja superior ao arranjo de vozes e sorrisos que encontrei ao lado deles, os coralinos mais graciosos que conheci. Cantemos, pois o momento que se faz agora é eterno no mundo das lembranças. Ainda vou voltar. Voltarei ao mágico universo dos velhinhos que correm juntos com a lua pela praia deserta de Florianópolis.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Pequenices

Pequenos parágrafos de (diversos) assuntos nem tão pequenos assim. E eu começo como se fosse terminar: e assim foi.

As pessoas gostam de falar. Tudo bem que é algo de que elas são realmente capazes. Todos podemos falar, mas seria um pouco mais razoável (para mim) que se falasse um pouco menos, que se escutasse um pouco mais. Ou, talvez, que apenas se alcançasse o "equilíbrio" - se é que isso é possível. O que é demais satura (alguém deve "discordar" disso), e, para com as mentes "mais fracas (expressão desagradável que não me agrada, mas que é usada por não haver uma um pouco mais razoável [sabes de outra? bem, exponha.])" aliena. Por mais que se interesse por um assunto, e por mais que o locutor tenha uma voz e um estilo agradáveis acaba-se, em algum momento, cansando de qualquer palavra. O silêncio pode ser bem vindo, e, antes disso, mais desejado. Sejamos coerentes com quem nos ouve (muitas vezes: obrigado).

Sentir que o tempo é curto pode ser uma das coisas mais terríveis pelo que se passa. Nada pior (sim, exagero [ou não]) do que gostar muito de algo e não poder realizá-lo, não dispor de tempo suficiente para fazê-lo. "Mas tempo se arranja", diz alguém. Concordo. Tempo, realmente, somos nós quem fizemos. Mas nem sempre um tempo razoável ou suficiente. De que me adianta quinze minutos para escrever se, para isso, preciso de trinta? Claro, posso, folgadamente, escrever nesses quinze minutos. Mas não com a mesma "qualidade" e vontade que teria com os trinta. Fazer - e isso vale para qualquer coisa- simplesmente por fazer não me agrada. Pelo contrário, me deixa desgostosa e fracassada. Eu preciso de tempo, preciso de um tempo que só eu sei qual é. E tempo é... tempo. Pois é, como se define tempo (isso já me foi respondido, mas, até hoje, não sei eu mesma responder...)?

O computador é um vício (para alguns). E um vício nada bom (escrever pode ser considerado como um, talvez[não que não seja bom, não é nada disso].). Já percebestes como uma pessoa sentada na frente do computador é alienada e vazia? Sim, sei eu que essa máquina grotesca (como todas são) pode ser (e é) muito útil. Com ela descobrimos a internet, esse mundo virtual que nos liga a qualquer lugar do planeta, que divulga notícias em minutos, que facilita trabalhos, que aproxima (será mesmo?) pessoas. Mas e o outro lado, qual é? Aquele das milhares de informações inúteis, da exploração (em todos os sentidos) descontrolado, da privacidade invadida, do vazio contido em quem espera um "olá" pelo MSN (ou qualquer "comunicador instantâneo"). Será que não seria mais vantajoso abolirmos o uso do computador e começarmos a viver novamente? Que tal um encontro no parque ao invés de uma sala de bate-papo? Ou um futebol com a piazada do bairro no meio da calçada do que joguinhos sem sentido (e sem sentidos!) com homenzinhos de fuzis nas mãos? Ver o mundo lá fora, é essa a "proposta". Simples, não é? Não, nem tanto. Pois, se assim fosse, não estaria eu, agora, neste exato e cruel segundo, aqui.

Termina o bloco. O carnaval já passou. E foram felizes para sempre.

domingo, setembro 16, 2007

Big Bang

Dizem por aí que se deve querer a clareza (nos pensamentos e, principalmente, na forma como se externa os próprios). Agora, como tê-la sem antes passar pelo conturbado mundo das dúvidas mais confusas? Como querer a luz sem antes passar pela escuridão? Antes da resposta vem a pergunta. E isso é fato.

sábado, setembro 15, 2007

sobre o que não se sabe

Não se sabe o que é viver, muito menos para que se vive, e muito menos ainda porque somos obrigados a isso. Não que se deva querer, obrigatoriamente, saber qualquer uma dessas três coisas. Elas, realmente, podem não ser importantes. Adiantando, de início mal iniciado, que não sei definir o que é a tal da "importância". Criar definições é fácil, muito difícil é prová-las de algum modo (e quem disse que precisam ser provadas?). Eu mesma já criei teorias sem o mínimo grau de convencimento que acabaram por convencer (o que comprova que não existe grau de coisa alguma. E explodir com uma frase dessas pode ser bem arriscado. Mas, tu, que és o verme-homem que lê essas palavras tiradas de uma cabeça descrente em muito, arrebate a afirmação, se assim desejar. Inicie uma discussão acirrada sobre uma garota que finge algumas coisas, como por exemplo: ter o total domínio desse texto e do que dele sai.). Interessante (ou nem tanto, ou nada) seria definir (de uma forma correta, se é que isso é possível) o que é a "realidade". E não creio nem um pouco (sou descrente em muito, te lembras?) em frases do tipo "a realidade é tudo que se pode ver". Bobagem coisas essas todas. Como sabes, é fácil falar (e por isso falo). Mas, será que definir qualquer coisa é válido? E lá volto eu para as perguntas (um texto feito delas, esse.). Cada vez mais acredito que respostas não existem.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Devalorização cultural

Já decidi. Não vou aderir. Não tentem me convencer, não venham com belas palavras, nem com gestos carinhosos. Eu não vou me deixar levar por essa corrente que propaga a mediocridade brasileira. Eu sei dos argumentos e eles pouco me convencem (acalme-se, impaciente vácuo que compõe minha massa de leitores, logo darei a explicação do porque dessas explosivas palavras...), são nulos e servem, apenas, para encobrir o que muitos poderiam ver. Vou aos fatos, então. A língua portuguesa mudará a partir de certo tempo (que é indeterminado. Ou seja, pode ser tanto de alguns anos como de rápidos meses), e garanto que não será para melhor. Claro, "esclarecidos" na questão argumentam que essas "pequenas" correções (abolição da "trema" [oh! a tão bonita trema, com seus dois pontinhos charmosos {e úteis, claro} não mais existirá!], do acento circunflexo nas paroxítonas terminadas em "o" duplo [vôo, por exemplo, se transformará em voo. É, veja só...] e nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, ler, ver e decorrentes [passará a ser então: creem, leem, veem.], eliminação, também, do "acento agudo" nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas [é o caso da palavra "idéia", que passará a ser escrita simplesmente assim: ideia. Grande idéia essa, não achas?]e, não por última, uma das quais acho a mais terrível: deixará de se usar acento para se diferenciar "pára" [verbo] de "para" [preposição].) servem, tão somente, para o crescimento e divulgação da adorada fala brasileira. Outros países integrantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) também irão aderir às mudanças (são eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), e encontraram, não obstante, alterações na suas formas ortográficas originais. Segundo representantes do governo que são favoráveis á mudança ela será satisfatória, pois o português, sendo a terceira língua mais falada no mundo, atualmente prejudica o "intercâmbio" entre os países, visto que a ortografia se diferencia de local para local. Mas, ora!, não concordo com isso. Cada povo é dependente de sua formação histórica (ok, eu sei que a nossa é portuguesa, eu sei...), e traz consigo as alterações feitas em decorrência do passar do tempo e do povo que ali se instala, da sua cultura, da sua forma de vida. Não é direito querer mudar uma língua (por menor que seja essa mudança!) que há tanto tempo já se formou. Não assim, não dessa forma grosseira e descabidamente veloz. Mudanças ortográficas demoram longas décadas (séculos, até) para acontecer, e sabemos disso. Basta pegarmos um livro do Machado de Assis e outro do Paulo Coelho (ironias à parte...) que notaremos nitidamente a diferença usual das palavras, da acentuação (não, não confunda. Aquela vírgula entre o sujeito e o predicado que tu vistes num texto do Paulo Coelho é erro de escrita mesmo...). E digo mais: como querer que um povo adquira mais conhecimentos, se torne ativamente mais "culto" e fale de forma correta se nossa gramática se torna rasteira e deposta de atributos nitidamente necessários? Isso é enfraquecer a língua, é acabar com um patrimônio cultural que demorou anos lentos para se originar, é desvalorizar uma coisa tão simples e tão bonita: a cultura brasileira.

domingo, setembro 02, 2007

Um garoto chamado Paul

O Paul (McCartney) está velho. Oh, como foi triste descobrir isso hoje. Seu rosto enrugado, seus cabelos já brancos, seus parceiros (quase todos) mortos, sua voz como que saída num filete. Um filetezinho de voz. Paul (McCartney) com um fiozinho de voz. Mas que voz, ainda! Um pouco dela consegue ultrapassar muitas dessas vozes modernas que se ouve (obrigado) por aí. Resolvi, hoje, escutar o "novo" álbum dele, lançado em junho desse ano: "Memory almost full ". Bonito álbum, músicas gostosas de ouvir, nada que machuque os ouvidos, nada que agrida o momento. Cantando com calma, buscando uma certa força meio perdida, acertando no tom, com um rock básico (calma, leia como "simples". Será melhor para você...) que lembra muito épocas passadas num grupo fantástico que não existe mais. Esse é o nosso Paul. Um "velhinho" de sessenta e cinco anos que fez(e faz, ainda) "valer a pena" a vida de muita gente.

sábado, setembro 01, 2007

das festas

As pessoas adoram uma festa. E é sabido de todos que junto com as festas aparecem as bebidas alcóolicas, outra coisa que detesto. Ainda não descobri um bom motivo para freqüentar um lugar lotado de corpos dançantes, frenéticos e bêbados. As conversas são quase todas limitadas, e as pessoas fazem o máximo que podem para esquecer todos (e grandes que são) "problemas" e desvios realmente interessantes e que merecem, nem que só um pouco, de atenção. Qual é o "saldo positivo" que um freqüentador de festas tem no final de uma? Novos amigos? Ora, pode-se fazer amigos numa biblioteca lendo um livro, o que evita a "morte" desnecessária de alguns neurônios e ainda contribui para o adquirir de novas palavras e sentidos. Prazer? Sim, há prazer. Mas um prazer que ilude, que desfoca. Beber para sentir prazer me parece algo bem pouco honroso (sim, as festas das quais ouço falar contêm, todas, bebidas alcóolicas).
Não, ninguém vai conseguir me convencer de que perco algo não aderindo a esses movimentos sem sentido.

quinta-feira, agosto 30, 2007

E agora, José?

Cada dia mais e mais dúvidas aparecem em relação ao que farei no vestibular (e, lógico, na universidade). Preciso decidir se quero viver debruçada sobre uma pilha de livros (o que não seria tão ruim assim...) analisando minunciosamente a vida e a obra e os ilustres pensamentos de filósofos de eras remotas, se quero me aprofundar no patriostismo (ou falta dele) de alguns líderes , se quero ver pedaços de flechas dos índios munducurus que viviam na floresta Amazônica antes dela se chamar assim, se quero organizar -por horas intermináveis, diga-se - arquivos empoeirados e velhos de bibliotecas sem-dono, ou se não quero nada disso, me canso e vou viver entre as formas de vida mais "escrotas" (as aspas desempenham uma importante função em textos pseudo-interessantes, principalmente quando estes textos são escritos por uma 'semi-museólogahistoriadora" na Belle Époque brasileira [ironias à parte, querido leitor]. Agora, sem tempo, explicação para o uso das mesmas: escrotas no sentido de simples genéticamente[sim, e eu sou o que?]). Minha dificuldade em tomar decisões realmente não interessa a ninguém que não conjugue o verbo "conhecer" na primeira pessoa do singular com o pronome oblíquo "te" antes, mas o blog é meu e escrevo nele as besteiras existencias que bem enteder, certo? Então, se quiser desistir da leitura (cansativa, eu sei) ainda há tempo. Vamos, vá tomar um sorvete e escutar música erudita e me deixe aqui divagando sozinha.
Se já não bastasse a incessante revolta interior em ter que escolher uma única coisa para a qual me dedicarei no mínimo (inocência a minha) quatro anos, ainda surge automaticamente o "problema" do "trabalhar para viver". Sabe-se que o ócio - e isso foi um assunto constante entre os filósfos- é útil, nos faz ter tempo para pensar sobre as questões mais profundas dos assuntos mais simples. Porém, como viver no ócio nesse sistema capitalista que, para se ter uma vida no mínimo suportável, se precisa trabalhar oito horas por dia com apenas quinze minutos de intervalo para um café preto sem açúcar? Não sei se acredito na frase: "o trabalho edifica o homem". E, ao pensar nessa frase, me vem à cabeça coisas muito diferentes do que "trabalho como obrigação". Penso em trabalho como lazer, e, puxa!, seria tão bom se todos pensassem realmente assim (não, não acredite tanto nessa afirmativa). Estudar, trabalhar, participar das paranóias do mundo atual por, apenas, prazer. Eu quero viver para viver, e não para fingir que sou "feliz" (e alegre, e satisfeita, e todos esses adjetivos bonitinhos que existem por aí) com o pouco material que "conquistei". Ohh, Belle Époque da minha vida, mostre-se aqui, agora, e sempre. Me ajude a ter tempo para o ócio, e a ter uma profissão para quando cansar dele.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Medo de;

Semana passada senti medo. Medo de não conseguir mais escrever (não, não redações "de vestibular"), não saber (ou não ter a tão necessário vontade [inspiração, se diz] de) passar as soltas palavras para um lugar fora do invísvel fio de idéias intocadas. Medo de que os "momentâneos acessos" de criatividade cessacem, dando lugar a um cômodo e doce repouso. E não deve-se querer repousar, deve-se querer a agitação mais frenética dos pensamentos, as dúvidas mais corrosivas, os medos mais bloqueantes, as quimeras mais utópicas, a pureza mais infantil, a graça mais singela. Só assim as palavras surem. Só assim o ato se concretiza.
O tempo é efêmero; as atividades necessárias (nem por isso desejadas) são muitas. E assim, como encontrar uma brecha para uma caneta lasciva(do Latim " lascivu"-saltitante)e um papel em branco? A cada instante parece mais difícil escolher entre o bem concreto do presente e o bem relativo do futuro.

domingo, agosto 12, 2007

sobre estudar

Um dos assuntos mais adorados pelos vestibulandos é o tempo gasto nos estudos. Há pessoas que se vanglorizam por passarem mais de cinco horas sobre os livros, já outras acham legal demais dizer que "estudar é para os fracos". Ora, não acho que o tempo influa tanto assim na aprovação. O que dita se alguém vai entrar para uma faculdade (enfatizando as federais) é o quanto aquela pessoa sabe, e isso não é determinado somente pelas horas de estudo. Estudar excessivamente prejudica (não só os estudos...), pois deixa-se de fazer outras coisas que antes eram prioridade e assim acaba-se criando um estado de grande cansaço e tensão nervosa. Claro, ninguém passa num veetibular federal sem estudar (o mínimo que seja). Mas não adianta passar os últimos três meses antecedentes ao da prova esquecendo de viver, trancado no quarto sobre uma pilha de cadernos e livros, se não se importou com os sete/oito anos anteriores de ida à escola. O ser humano se constrói pelo conhecimento que adquire.

quarta-feira, julho 18, 2007

A vida

Afinal, qual seria o ápice da vida? Será que para todos esse momento "mais alto" é igual, ou cada pessoa faz o seu próprio pódio? Algumas pessoas consideram o nascimento como o grande ápice da vida de todo ser-humano. Discordo. Para mim o ápice é a morte. E isso me parece óbvio. Pensemos: qual a finalidade de viver? Morrer. Fácil até aqui, não é mesmo? Se trabalha, se perde, se busca, se sofre... e tudo isso para quê? Sim, para lá no final morrer. Totalmente natural. Pena que poucas pessoas aceitam isso de uma forma legal, racional. Mas não há escolha, ainda não se descobriu o elixir da vida (e se descoberto ainda não foi divulgado). E, veja que fantástico!, queremos parecer diferentes uns dos outros (na grande "diversidade" animal) quando, na verdade, nossas vidas são todas iguais. Nascemos todos e morremos todos. Quando eu conseguir ser imortal aí sim, terei "orgulho" de clamar: Sou eu diferente. Mas assim, como estou hoje sou é bem igual aos outros. E se igualar é generalizar. E se generalizar é se tornar comum. E o comum não pode ser diferente. Então, mesmo que eu seja imortal, vou ser igual. Porque generalizei e me tornei tão trivial quanto qualquer outro.

A (enganadora) criatividade.

"É hoje!", você senta na frente de um velho caderno pessoal de redações, dissertações, crônicas (mais seus derivados) e pensa. Um dia chuvoso, perfeito para comer uma pipoquinha e ler um bom livro. Mas não! Você acordou com um ímpeto criativo, com uma vontade louca de colocar algo no papel e sabe que esse "algo" vai ser fantástico. "Claro, é hoje. E vai ficar fantástico! fantástico...". Pega a caneta, e sabe que aquele assunto que há dois dias você vinha pensando em transformar em crônica hoje vai ter a atenção merecida. Concentra. Escreve a primeira linha. "Não, não... preciso começar diferente. Com mais vigor, com mais força. O bom início faz uma boa crônica (é, nem sempre...)." Escreve novamente. E...novamente não gosta. "Pô, mas eu tinha tudo em mente. Acordei pensando nisso. Tinha o texto formado na cabeça. Estava alí, alí..."E a vontade de escrever continua, a criatividade pulsa em seu interior. Você sente. Mas o texto não sai. Simplesmente há algo que impede essa criatividade de se expandir, de se tranformar em algo concreto. Mas... o que será? É, você não sabe. E começa a se preocupar. "Ora, os grandes escritores, principalmente aqueles que têm colunas diárias em algum jornal, não devem sofrer desse mal. O assunto deve existir e facilmente ser desenvolvido no papel." E assim seu sonho de um dia escrever para milhões (não, nem tanto) de leitores assíduos começa a desmoronar. "Deve ser só uma má fase", pensa você. "Isso passa". Mas... e se não passar? "Ahhh, o que eu faço? Preciso escrever, preciso! ". Calma. Respire fundo. Daqui a pouco consegue. Pense em outra coisa. Mas não: "claro que eu não penso em outra coisa. Penso que tudo acabou, isso sim. Já sonhava, até, com a capa do primeiro livro. E tudo acabou.". Não faça tanto drama! Seja positiva! Esqueça a idéia de escrever e vá comer uma pipoca (sem muito sal, que os excessos nunca fazem bem) e ler aquele livro que você precisa devolver na biblioteca amanhã. "Tá aí. Gostei. Vou fazer isso. Mas o que eu queria mesmo era escrever, saiba disso. E estou indo fazer o que tu indicou só por muita insistência, só por isso." Tá, a gente acredita. Então, Ela fecha o caderno, solta a caneta, deita na cama, se satisfaz com o sagrado alimento e se deixa envolver pelos mistérios do Hypnerotomachia.

Viva e deixe morrer.

Como melhorar? Não há forma, não há jeito, não há apoio.
Não sou contra a instituição família, nem há como ser, pois, querendo ou não, eu faço parte de uma. Mas ter família e, principalmente, conviver com ela pode ser terrível. E eu poderia generalizar e falar que as pessoas não sabem o quanto são inconvenientes e estragam os outros seres humanos. O jeito é criar algum forte afastado da civilização e se trancafiar lá, com livros, música, comida (dá pra se ter uma hortinha ao lado do forte...)e água.
Aliada às pessoas que não tem consideração pelo alto grau das outras encontra-se a televisão. Quer coisa mais sem graça que ficar olhando para aquela tela toda pronta, colorida e falante? Ora, ler um livro é muito melhor. O livro tem textura, tem cheiro, tem opções que a imaginação pode usar como quiser. Já a televisão é restritiva (como algumas orações adjetivas!), se absorve o pouco que está ali e pronto. Não há como ir além.
Sons, muitos sons e todos (!) de uma vez só. Como se pode fazer qualquer coisa razoavelmente bem com isso acontecendo? Sério, não há como. Uma televisão e um rádio, os dois ligados juntos. Será que consegue se absorver qualquer informação de ambos os aparelhos? Não sei, não sei. Acho melhor ligar um só e aproveitar totalmente o que por ele "passa". Um proveito de cem por cento, isso sim, isso que todos deveriam querer. Mas tudo bem, acostuma-se (o que é terrível. Tente não se acostumar com as coisas, caro leitor. Se surpreenda com o óbvio [ou melhor: com o que está aqui todos os dias e {quase} ninguém repara].).
Há muito mais o que falar, mas... palavras parecem pouco. Então tenta-se viver, que é o básico que se pode fazer. Como diz Paul McCartney numa de suas canções:"Viva e deixe morrer."

quinta-feira, junho 28, 2007

Máquina do Tempo.

Eu queria uma máquina do tempo. E ela nem precisaria funcionar muito. Uma vez, apenas. Nada de diversos botões ou luzes coloridas e piscantes, nada de idas até qualquer fato histórico conhecido ou famoso. Quem sabe a década de sessenta, no auge dos Beatles? Não, também não.
Uns dez anos, somente. Isso, dez anos é o tempo suficiente para um passeio. Um passeio sem volta, digo. Sim, eu quero voltar. Voltar a ser criança.

sábado, junho 23, 2007

sobre não entender

Algumas coisas são imperceptíveis. Outras não. E isso é um tanto óbvio, básico como leite e soda. Mas o mais importante é olhar para o céu e agradecer, e isso é um tanto besta, como Lya Luft e seu lado homem Paulo Coelho. Porém, o que realmente vale nesse post é a linha que se segue, acompanhe-a: _______________________________________________________.
Achou o que procurava? Se não procurava coisa alguma saiba que este é o texto (pode não parecer, mas isso ainda é um texto...) errado. Porque, afinal, quem procura pode achar, e quem não procura, com toda a certeza, encontra.
(O cabaré agradece a todos os clientes. Obs: fechado aos sábados.)

sexta-feira, junho 15, 2007

O Hermes nos dias contemporâneos.

Há um burburinho no canto da sala. O que será, pensam os curiosos? Quero saber, suplicam as "sempre atentas". Ohh céus, calem a boca!, exaltam os poucos indiferentes. Sim, nada mais real que a influência divina.

Sobre parar.

Havia decidido parar de postar aqui. Mas minhas decisões são fracas e nulas, então retorno. A criatividade me falta nesses tempos difíceis; apesar disso eu luto. Há alguma forma (tão dolorida quanto não sentir) de retomar a criatividade perdida? Será que isso é só uma fase improdutiva onde minha imaginação pouco lúcida resolveu tirar umas férias? Oremos senhor.

domingo, junho 10, 2007

Lá.

Por algum tempo, que eu não sei quanto nem qual, estarei postando no Campos de Morangos Mofados.

domingo, maio 20, 2007

Com(repet)issão.

A E! disse para a R! : "aposto que eu caio e você não."
Arrumaram as malas e esperam na pista de embarque até janeiro.

sábado, maio 19, 2007

O último.

Caiu, pensou ela. Inclinou a cabeça para cuspir aquele gosto nojento de vermelho. Melhor assim, antes que a tragédia fosse maior. E poderia ser? Aquele cheiro acre e pegajoso, será que continuaria até quando em suas mãos? Lavou. Inúmeras vezes. Tanto esfregou que chegou a sentir quando a camada rosada se despregava da superfície, deixando a vista o intenso da cor viva. Abriu os olhos e os lançou ao redor. Não se reconheceu. E aquele branco claro, úmido como o musgo das árvores mortas, lembrou tudo o que queria esquecer. Desgraçados. Por que fizeram isso? Desgraçados... O corpo doía, a cabeça latejava. Respirava devagar, sem força, para ver se o ódio e o medo passavam. Mas tudo continuava alí. Intacto como a asa daquela borboleta. Contraiu os punhos, fechou a alma, enquanto o teto luminoso despencava sobre sua cabeça. Do resto silêncio, e só.

sábado, abril 28, 2007

Tempo

V: Você sabia que as pessoas mudam?
T: Não, elas não mudam. São sempre as mesmas.
P1: Mãe! O Carlos pegou o meu carrinho!
V: Você sabia que as pessoas mudam?
P2: Devolve isso pro teu irmão, já!
T: Não, elas não mudam. São sempre as mesmas.
P3: Me solta! Eu não quero! Não...
V: Você sabia que as pessoas mudam?
P4: O prédio era muito alto. Não tinha como ela resistir.
P2: Eu disse pra devolver agora!
T: Não, elas não mudam. São sempre as mesmas.
P3: Por favor, não faz isso comigo. Eu não quero ir! Não quero...
V: Você sabia que as pessoas mudam?
P5: Mas por que ela faria isso? Meu deus, por quê?!
P1: Ele não quer devolver mãe!
P3: Me deixa ficar! Por favor! Eu não quero...
T: Não, elas não mudam. São sempre as mesmas.
P5: Tudo! Ela tinha tudo. Não faltava nada pra ela...
V: Você sabia que as pessoas mudam?
T: Não.

domingo, abril 22, 2007

Errôneas expressões.

Querer um mundo melhor? Não é impossível.
Impossível é tê-lo.
Mas mesmo assim, por favor, façamos nossa parte.

Perda.

Do choro à janela há chuva.
Da perda a dor, da solidão a saudade.
O medo de viver, a cruel realidade.
Chorar não basta, é preciso sofrer.
Quisera que minha dor se resumise em lágrimas, apenas.
Em açucaradas lágrimas.
Nada se compara a dor da perda.
Nem o amor, absoluto rei dos contos de fada.
Dos cavaleiros alados da princesa encantada.
Que sôfrega procura seu príncepe no confuso reino das palavras.
A poesia cruelmente inventada.
E chora e soluça como criança assustada,
Susurrando rezas na floresta assombrada
Descobrindo tristemente que os campos de morango já não existem mais.

quinta-feira, abril 05, 2007

Feriados religiosos.

Não tenho nada contra religião nenhuma. Suporto todas, nunca reclamei dos crentes que gritam em vez de falar, nunca fiz nada de impuro dentro de uma igreja, nunca discuti com minha professora de Ensino religioso e nunca duvidei da existência de um deus. A única coisa feia que faço é mentir um pouco.=]
É tão engraçado observar que quando chegam os chamados dias santos as pessoas se tornam "bondosas e solidárias". Ah, como é bonito ver as professoras de bom humor na escola, as pessoas se desejando 'boa páscoa', os vizinhos que nunca te deram um simpels 'olá' sorrirem pra ti. Tudo lindo, tudo maravilhoso. E ainda existem os atos de de caridade, as boas ações. "Doe um quilo de alimento não perecível para os necessitados", "Contribua com um agasalho velho e esfarrapado que tu não usas mais", "Dê aquele bombom de café que sempre sobra para uma crinça faminta". Que generosidade, que auxílio aos sem proteção divina!
Ora, faça-me o favor! Quer fazer uma boa ação? Sorria aos que sorriem pra ti. Demonstre afeto ao que necessitam de um abraço. Converse com aquela pessoa que senta todo dia ao teu lado no ônibus e tu nem sabe como se chama. Isso é ser solidário. E isso não deve ser feito só nessas datas religiosas (que de religiosas nada têm), deve ser feito sempre. Deve ser algo involuntário(sim!), algo instantâneo. Não algo planejado.
Não vou criticar a religião nesse post (não que eu não tenha vontade, longe disso). A pouparei das minhas calúnias infundadas. Mas deixo aqui a minha revolta. Deixo uma pergunta que me enfentou durante toda a semana, em diversos lugares (e que me fez perceber o quão inútil e infeliz sou): Afinal, O QUE É SOLIDARIEDADE?

domingo, abril 01, 2007

Verdades.

A auto-realização não existe. Como não existe a felicidade e a paz. Existem pequenos momentos onde tu se sentes o melhor, mesmo não sendo, e isso tu chamas erroneamente de auto-realização. Auto-realizar-se seria um estado muito avançado onde se alcança uma grande verdade interior que não necessita de outra futura realização. Parece confuso? E é. Felicidade seria algo dificílimo de se "obter" e que quando "obtida" tornaria-se "eterna até o fim da vida". Mas ela não existe também. Procure ser alegre, que isso sim é possível. Quanto à paz, cuidado. Para se alcançar a dita paz o ser humano teria que "perder" parte de sua essência. E perdendo a essência já não seria mais humano. Então não busque a auto-realização, não tente ser feliz e não promova a paz.

domingo, março 18, 2007

Estrada para a perdição

Encontrar um sentido para a vida. É isso que muitas pessoas buscam. Besta, isso. Não acredito mesmo que a vida tenha algum sentido. E se tiver poderia muito bem ser não ter sentido. Cada dia parece mais complicado focalizar algo e seguir seguir seguir. Não há algo a ser focalizado, a servir como referência. Nem base há. "Ah, mas eu tenho uma base". Bobagem, se não tem um objetivo como vai ter uma base? Difícil. Siga o nada que encontrarás algo. É isso que me resta dizer.

Tão óbvio, não...?

sábado, março 03, 2007

Sobre beijos.

Se gosta de beijar quando se beija alguém se gosta.
Se beija alguém que se gosta e não gostou de beijar se beija
até gostar.
Quanto mais se beija alguém que se gosta,
mais se gosta de beijar.
E quanto mais se gosta de alguém que se beija
se beija até cansar.

sábado, fevereiro 24, 2007

Assombração

Naquela noite resolveu ir dormir cedo. Não havia razão para perambular pela casa vazia como nas outras noites. Sentia que não restava muito tempo. A voz saia rouca toda vez que precisava falar. Falava tão pouco agora. Limitava-se ao silêncio. As sombras, clarões borrados do dia, pareciam fantasmas. Agiam como fantasmas. Lutar? Não, havia desistido. Para que coisa mais sofrega e dolorida do que lutar sabendo que se vai perder? Queria chorar. Ansiava por lágrimas quentes escorrendo pelo rosto, invadindo por entre os lábios. Mas o máximo que conseguia era sucumbir ao momento, entrar num estado de transe onde tudo se desintegrava. E aquela cama vazia como sua alma havia se tornado seu recinto, assim vazia, sem panos, sem cores. Fria, crua, seca como sua vida. Pela janela do quarto via toda a cidade. Não avistava as pessoas mas sabia que elas estavam lá, vivendo. Ela fingia viver. Farsante, velha, abdicava de todos os prazeres porém não deixava de deseja-los. Também não sorria mais. E os fantasmas surgiam todos os dias, destemidos adentravam no quarto, olhavam-na, pronunciavam palavras desconexas. Não se importava em vê-los. Mas fugia, aninhava-se num canto e ali ficava. Por horas. Tremendo tremendo tremendo... Sozinha.

Obs: Sim, influenciável.

sábado, fevereiro 17, 2007

Plágio.

É fácil. Entra-se no blog de outra pessoa e copia-se a idéia central e o título. De quebra ainda algum que outro exemplo. Quando a pessoa prejudicada descobre o ato, a malfeitora se gaba: "tens provas que foi tu que fizeste primeiro? não tens. Além disso, há mais comentários no meu ou no seu blog? isso mesmo, no meu... que sou uma pessoa mais famosa, tu sabe como é né?".
E assim anda a humanidade. Nem idéias criativas se pode ter mais.

Quer entender? Pois entre aqui, e observe o segundo post. (visando que não faço nada além de divulgar o outro blog =])

OBS: Quem plagiou? Ora! eu que não fui.
=]

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

O menino do cinto.

O título desse post poderia ser também 'o caso do cinto'. Mas como não há nenhum mistério no ocorrido (claro, se excluirmos os que a polícia e a rede de televisão Globo inventam.)fica 'o menino' mesmo.
Um garoto, de sei lá quantos anos (seis, se minha péssima memória não falha...) morre arrastado pelo carro onde ficou preso no cinto de segurança depois do carro da família, onde estavam a mãe e a irmã, ser "assaltado", roubado. É essa a história. A qual não suporto mais ouvir. Não suporto. Tu sai na rua e vem um conhecido comentar: "nossa... como está a violência hoje em dia né? tu viu o que aconteceu com aquele guri lá no Rio de Janeiro? muito triste.". Me desculpe a família, me desculpe os amigos da família e me desculpem os emocionados de plantão mas não é triste para mim. Eu sei que deve ser penoso (risada abafada) quando acontece algo do gênero com um ente querido nosso, mas não com uma pessoa totalmente desconhecida num estado nunca visitado.
E mais! Quantas pessoas morrem por dia em crimes até mais bizarros e violentos porém não divulgados pela mídia. Quantos...(imagine as crianças que morrem de fome nos cantos desse mundo? só imagine: morrer de fome!) Mas o povo pensa assim? Claro que não. Eles preferem entrar na onda da Rede Globo e comentar o que ela comenta. São escravos da televisão, escravos da mídia. Agradeço por não ser. Agradeço por ter coisas mais interessantes a comentar. Outra coisa: do que adianta chorar por um desconhecido, comentar com todos as pessoas encontradas no caminho sobre o quao macabros eram os assaltantes e ficar só nisso? Não adianta! É necessária uma mudança nos atos depois da mudança dos pensamentos. É necessária uma atitude drástica. Porém para isso ocorrer a primeira coisa necessária é que o povo pare de comentar sobre isso. Só assim o passo inicial será dado. Parar de falar, comentar e começar a agir.
É duro pensar que isso nunca vai mudar (o modo das pessoas pensarem...). E mais duro que isso é descobrir que crimes como esse vão acontecer todos os dias. E de quem é a culpa? de todos (excluindo eu, claro... =] ). A culpa é do povo sem atitude. Pensar é muito válido. Mas certas horas isso simplesmente não basta. Como eu gostaria que a hipocrisia fosse menor, só um pouco menor...

sábado, fevereiro 03, 2007

Be-a-tles!

Em relação à música me considero uma pessoa privilegiada. Desde o primórdio do meu nascimento escutuva uma música no mínimo "qualificada" e isso graças (também) ao meu pai. Tirando as "destoantes" e gritadas sertanejas papai tem um bom gosto musical. Adora as músicas do passado (jovem guarda), como ele próprio diz, , ouve mpb algumas vezes e o que mais me orgulha: Beatles. Não que ele seja um beatlemaniaco como eu, longe disso, mas considera os garotos de Liverpool (do jeito que a mídia gosta tanto de dizer) inatingíveis. E eles são. São mais que isso até, são inabaláveis.
Várias pessoas já me fizeram a pergunta: "Por que beatlemaníaca?". Ora, porque sou fã dos Beatles, respondo eu. "Tá, mas por que justo eles, com tantas bandas novas por aí, com os vários ritmos existentes atualmente?", continuam elas. Beatles, e sempre Beatles, por vários motivos: os caras souberam, como ninguém, reunir diversos sons com uma musicalidade excelente. As vozes então! Se unem majestosamente e a entonação que um ou outro consegue realizaar na música é algo a ser analisado minuciosamente devido a grande perfeição vocal. As composições, na sua grande maioria, são simples e fantásticas. Tanto a dupla Lennon/McCartney como as poucas do Ringo continuam imbatíveis ainda hoje.
Chega agora a minha vez de perguntar: e por que não Beatles? Seria tão mágico escutar 'Ticket to Ride' nas emissoras de rádio ou 'Lucy in the Sky with Diamonds' (claro, não somente essas duas...)nas paradas de sucesso entre os clipes da Mtv. A música precisa ser revista e resgatada com urgência...
Agora, sempre que alguém faz a pergunta do porquê ouvir Beatles eu não relato os motivos. Simplesmente indico à pessoa escutar e ela mesma se auto-responter. Se ela assim mesmo não entender a adoração pelos quatro cantores é porque não há mais "salvação", seu gosto musical foi fortemente afetado por alguns sons malignos. Pois é, nem todos tiveram a sorte de serem agraciados desde crianças com bom som e agora só os resta se contentar com o "grande" acervo de "boas" bandas atuais.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Falando de Livros.

Nesse período de férias, onde as pessoas tendem a "repousar mais (sim, poderia usar: tendem a ficar mais vagabundas e desocupadas)" eu me sinto entediada. Parece que o tempo não passa, e que se continuar sem praticar nada que coloque meu cérebro em "movimento" me tornarei mais burra e sem vontade no decorrer do ano. O sofá parece um grande atrativo toda a vez que preciso passar pela sala. E a cama então? Hummm... Com seus travesseiros macios e o edredon aconchegante! Mas eu resisto. E encontrei ontem algo que me fez abdicar das vontades "preguiçais". Nada melhor que um livro para despertar as fantasias mais secretas e a vontade por novas descobertas nesse momento tão difícil e inútil do ano. Ainda mais quando o livro traz personagens tão célebres e geniais. "Quando Nitzsche chorou" de Irvin D. Yalom é lindo. Uma maravilha ao olhos sedentos de conhecimento. Mesmo sendo um livro de ficção pode-se aprender muito com ele, ou somente passar o tempo. Viajar na história desse livro é sensacional, pois com ele vemos grandes nomes como Nitzsche e Freud de um modo totalmente diferente, e humano. Sempre que minha professora de Filosofia fazia alguma colocação sobre o "pai da psicanálise" eu o idealizava como um semi-deus, uma pessoa fora dos padrões e que dedicou toda a sua vida em nome do conhecimento. Eu não o imaginava como um alguém real, com todos os seus temores, lamentos, alegrias, enfim, com as coisas naturais na vida de qualquer um. Sei que isso soa como algo falso, ou que não tem nenhum fundamento o que eu sempre pensava. Mas eu tendia a ver assim, não conseguia formar outra imagem dele (claro, não só dele. De vários homens [e mulheres] que deixaram muito à humanidade). Outro ponto fantástico do livro é pensar que todos esses nomes se cruzaram (não que isso seja verdade, absolutamente não é) e que tiveram de algum modo uma ligação, ou até que influenciaram um no modo de viver, ver, pensar do outro. E é isso que o livro traça, que "dá a entender". Nada me influencia mais que livros e música. Me engajo tanto com um livro novo( e sinto prazer em ler) que esqueço as outras coisas e passo dias pensando nele. Fantasio, recorto momentos, busco respostas, me deixo envolver por completo. Algo bem arriscado, mas tão prazeroso. Cheguei num ponto onde eu me colocava como uma amiga íntima de várias pessoas "famosas".

E como não podia deixar de ser, primeiramente uma conversa entre Nitzsche e eu:

Eu: Po, tu precisa se tratar... passar a vida toda infermo assim não dá cara.
Nitzsche: Eu sei Thaiani, mas eu já fiz de tudo. Consultei diversos médicos e nada foi resolvido. O que me resta mesmo é o suicídio. É o melhor caminho, o mais iluminado, o mais pensado.
Eu: Não " Ni ", não pense assim. Olha, amanhã mesmo nós vamos passear pelo campo. Eu sei que tu gostas de sol, claridade... e essa época do ano não te causa tanto mal estar. Vamos aproveitar o verão!
Nitzsche: O que eu não faço das coisas que tu me pede né? Tu sempre me convence.

Agora, Freud e eu:

Freud: Diga Thai. O que te atormenta tanto?
Eu: Bah, tive um sonho essa noite...
Freud: conte-me!
Eu: Sonhei que estava numa cidade, muito bonita e que parecia o centro de "tudo". Lá nessa cidade, em meio aos grandes prédios, inúmeras pessoas me perseguiam com maletas pretas lotadas de pedras verdes. Mas o que mais me impreciona é que lembro o número exato dessas
pedras. Eram quarenta. Quarenta pedras verdes. Então, dado certos momento eu parei e gritei: "deêm-me logo o que desejam!" Então as quarenta pedras verde voaram ao meu alcance. E acordei.
Freud: Thaiani. Eu acho que tu deverias esquecer a política.
Eu: ...

Quem mais? Newton e eu:

Eu: Eu andei lendo o que tu escreveu e não sei se é bem assim não.
Newton: Explique.
Eu: Sabe, sobre essa teoria da Evolução...
Newton: Bahhh, tu tá me confundindo com aquele...
Eu: Tudo bem. Espera Newton. Calma. Posso falar? Newton?
Newton: Ahhh, vai...
Eu: Ô Newton, espera aí! Volta aqui!
...
Eu: Ele vai ver só! Eu ainda vou combater essa teoria. Ainda vou...

E... Joana d'Arc e eu:
Eu: A vida é difícil né?
Joana: Ôoo...
Eu: mas não vamos desanimar... pelo menos hoje ninguém mais é queimado em fogueiras.
Joana: É, em fogueiras não...
Eu: ...
Joana: Mas pô, eu tava lutando por algo. Eu tinha ideais!
Eu: Eu sei querida. Mas tu não devia ter se exposto tanto. Devia ter se guardado mais. Ainda mais naquela época, onde as mulheres eram tão submissas. Não deve ter sido tão fácil para os homens...
Joana: Sim, eu sei. Mas bruxa? Unica coisa que eu sabia fazer era um chá de cogumelos. Mas... bruxa??
Eu: ok, é melhor mudarmos de assunto. Tu viu o filme que está em cartaz hoje?
Joana: ?
Eu: A bruxa de Blair 2!
Joana: ¬¬

Viram? que imaginação fértil a minha. Não que esses diálogos tenham algum sentido. Os imaginei no meio do banho da tarde. E foi bem agradável tomar banho com tanta gente interessante. O Freud ainda conseguiu me ensinar como pegar o sabonete, ao cair no chão, com o dedo mindinho do pé, sem precisar se preocupar em baixar o tronco.
Esquecendo as brincadeiras e as fantasias totalmente sem sentido quero indicar o livro. Ou melhor, ler qualquer livro já é válido. Por que férias são cansativas e inúteis, mas podemos deixá-las menos entediantes. E eu continuo aqui, esperando que a vida real retorne.

domingo, janeiro 28, 2007

O ontem.

Ela olhou o céu e viu uma núvem negra.
Descobriu que o fim dói mais que o começo.
Que o sangue escorre mais rápido
e que não há como fugir.
Repassou toda a vida
em segundos retardados
os momentos não foram inválidos
mas as lágrimas demoram a secar.
Agora, que tudo se perdeu
só restam as lembranças
frias, cruas, finas
belas, jovens, tônicas...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Falando de Futebol.

Programa de quinta a noite? Assistir sub-20 pela televisão. Trocaria por? Trocaria por assistir sub-20 no próprio estádio, claro. Momentos como aqueles que nos fazerm mais alegre, que elevam nosso humor e nossa vontade. Brasil e Paraguai. O melhor jogo do campeonato? nunca. O segundo melhor jogo do campeonato? não, claro que não. Então, por que a animação, não é mesmo? Ora, futebol anima! E ainda mias quando temos a oportunidade de ver grandes jogadores e grandes jogadas, tudo isso na seleção dos "novatos".
Não há exclusão de momentos, todos agradáveis e excitantes. Mas há desmerecimento de comentários (como sempre, aliás.). Tudo bem, seria hipocresia não se maravilhar com Alexandre Pato mas o excessos são dispensáveis. O garoto tem movimentação, em vontade e o mais importante, muito talento porém o time é feito de onze jogadores ativos e outros reservas aflitos por ativação. Não é justo lembrar de um nome e esquecer de um grupo.
Sou tricolor e o orgulho borbulha em minhas veias. Outros dois personagens se fazem intocáveis nessa disputa. Quem são? Fácil, muito fácil. Lucas e Cássio. O primeiro com sua regularidade durante o jogo, seu modo fantástico de armar jogadas e seu campo de visão bem apurado. Ele batalha, está em todos os lugares do campo e é dificílimo não o avistar em algum ponto da tela. Parece incansável, com um ânimo de dar inveja a qualquer jogador. Depois Cássio. Começou como um mero goleiro reserva e se tornou um nome sabido e consagrado por todos. Com um dos maiores "passes (economicamente falando)" do campeonato o garoto faz jus ao lugar no time. Tem precisão em cada ação tomada e não parece se intimidar com os adversários.
Não foi um bom jogo, mas tivemos tempo para aproveitar bem cada lance em busca dos maiores destaques. Saudações a Alexandre Pato, mas sinceras honrarias aos tricolores Lucas e Cássio.

terça-feira, janeiro 23, 2007

A carta (a culpa, a despedida, e a liberdade).

Ver você assim, tão solto, me faz pensar que a vida é fácil, é simples. Me faz pensar que viver é mágico. Não há o que dizer, ou como justificar. Tudo aconteceu tão rápido, e você me fez sonhar. Olhando o sol lá fora eu poderia correr pelos campos e brincar de girar. Assim, rápido, rápido... flutuando de encontro ao horizonte. Não me culpe pelas coisas que aconteceram, eu não tive como fugir, não pude me esconder. E o que antes era pura magia se tornou confusão. Está difícil ver com clareza. Tudo parece tão escuro. Peço que não crave meu nome no papel. O meu rosto cada vez mais se dilacera em vermelho. As lágrimas caem tão pesadas, continuamente. Caem, caem... A culpa se tornou tão sólida e eu posso não suportar.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Sincronia

Quando o vermelho cobrir todo o meu rosto
me afogando em cores pretas
quero ver o azul do céu e brancura impecável das núvens
se dilacerando em um arco-irís de sensações.

E não peça onde me escondi
correndo entre nódulos verdes
buscando o além tão sombrio
porque o cinza da fumaça não me deixa ver ao longe.

Se alguém não cruzar o morro
ou se aquele avião cor de terra não riscar o manto
curve-se impotente
porque a cor singela da morte venceu.

domingo, janeiro 21, 2007

Verosímel pausa

O teu colapso me deixou a mil.
ora! tão feroz, tão viril!
E não me peça explicações decentes
porque não somos gente,
somos animais em pleno cio.

sábado, janeiro 20, 2007

Poeminha da geração coca-cola.

Será que palavras servem?
e a garota cruzou a rua...
sem olhar para trás...
porque o que ela queria
era querer de mais...
e as coisas perderam o gosto...
Porque com quem ela sonhava
sonhos simplesmente não bastavam...

Obs: será que a "qualidade (como se houvesse muita...)" dos posts está decaindo?

sexta-feira, janeiro 19, 2007

A teoria do caos

Não vou falar de física não. Nem expor o famoso principio de que uma ação ocorrida nesse lado do mundo afeta de alguma forma o outro lado. Posso falar de coisas mais corriqueiras mas não menos simples. Ou posso falar de coisas tão complexas que nem mesmo eu as entendo.
Será que pensar em outra pessoa e desejá-la arduamente invalida uma outra também amada? Será que estar com essa outra pensando na primeira parece errado? Será que nascer e crescer, odiando a própria vida é ingratidão com os que nasceram mas não chegaram a crescer? Será mesmo que no "fundo"as pessoas não são todas iguais porém o uso de máscaras as faz diferentes? Ter senso crítico é necessário? Ou nos basta criticar o que é criticável (sim, tudo.)?
Por que querer conhecer o universo com seus outros planetas se nem a Terra é conhecida direito? Não seria melhor ver o que está ao nosso redor do que querer decifrar o que está ao redor do mundo? Por que só fitar o chão se podemos levantar nossos olhos e buscar o horizonte?
O que está em jogo: a vida ou a morte? Devemos viver intensamente porque temos a certeza de um fim? Ou por sabermos que o fim chegará não é necessário aproveitar a vida? O que é mais triste: discriminar ou ser discriminado? Matar ou ser morto? Sofrer com os acontecimentos ou ter uma vida onde nada acontece?
Por que o ser-humano se esquece, com o passar do tempo, de sonhar? Por que ele se acomoda e prefere esperar acontecer? Por que ele deixa a vida se tonrar fútil, vazia e tão sem graça a ponto de não querer mais lutar, sofrer e ganhar? Onde se perdem os gostos? Onde se encontra o jardim das essências? Onde se esconde a vivacidade das cores? Será que preferimos viver num mundo branco e preto?Por que colocar todo o peso, toda a dor, todos os pedidos sobre um Deus que nem mesmo sabemos se existe? Não bastaria acreditarmos em nós mesmos?
Os sentimentos se perdem num só, se banalizam com o contar lúgubre dos relógios. As declarações feitas sem veracidade se tornam tão falsas e escrotas que o que mais desejamos é nunca ouvi-las.
Esse é o caos. O caos das dúvidas sem respostas, das feridas sem cura, dos sentimentos não sentidos. É o caos que faz a morte. E é a morte que deixa como um rastro de poeira na estrada ela... a vida.

O (falso) motivo.

Está muito estranho escrever ultimamente, colocar as idéias (e que idéias! ¬¬) no papel. Há algum tempo atrás eu pensava que escrevia razoavelmente bem, agora não chego a pensar nem isso. Cheguei nesse ponto, crítico...crítico. Preciso me renovar, rever meus conceitos em relação a uma boa crônica, uma boa redação. E pô (!), logo no ano do vestibular! Pode ser que o meu recesso de escritora "bem-sucedida" se deva as férias, só pode ser isso (e agora invento desculpas quaisquer também. Que ponto, que fim...). No final do ano (de todos!) estou eu a pedir férias. E quando as tenho não sei como aproveitá-las. É, inútil mesmo. Uma eterna inconformada. E que nem boas crônicas consegue fazer. O que me resta? Espantar a tristeza com um suspiro (ou será que assim não a convido a alojar-se mais no funda da alma?) e os mosquitos com inúteis tapas.