sábado, maio 19, 2007
O último.
Caiu, pensou ela. Inclinou a cabeça para cuspir aquele gosto nojento de vermelho. Melhor assim, antes que a tragédia fosse maior. E poderia ser? Aquele cheiro acre e pegajoso, será que continuaria até quando em suas mãos? Lavou. Inúmeras vezes. Tanto esfregou que chegou a sentir quando a camada rosada se despregava da superfície, deixando a vista o intenso da cor viva. Abriu os olhos e os lançou ao redor. Não se reconheceu. E aquele branco claro, úmido como o musgo das árvores mortas, lembrou tudo o que queria esquecer. Desgraçados. Por que fizeram isso? Desgraçados... O corpo doía, a cabeça latejava. Respirava devagar, sem força, para ver se o ódio e o medo passavam. Mas tudo continuava alí. Intacto como a asa daquela borboleta. Contraiu os punhos, fechou a alma, enquanto o teto luminoso despencava sobre sua cabeça. Do resto silêncio, e só.
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Um comentário:
A técnica é como o Um, de nada serve sozinha.
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