Elas não se importam se sua roupa se encontra suja, se sua boca abre e fecha ao comer, se seus cabelos não são lisos, se você gosta de funk ou MPB, se você escreve "erado" ou certo, se você não toma banho todos os dias, se o jantar é às sete ou depois das dez, se o tempo passa rápido demais, se é dia ou noite (qualquer horário parece servir para qualquer coisa).
E então elas crescem. E passam a se importar.
Os números precisam ser exatos, o tênis deve estar sempre limpo, a aparência precisa agradar, o cheiro precisa ser de perfume, a grama não é mais lugar para se deitar, a risada só mecânica, o sol faz queimar, as núvens apenas trazem chuva (e não mais dragões e o personagem daquele desenho animado), a corrida somente atrás do ônibus, abraços deixados para os aniversários, apertos de mãos ao acaso dos negócios, a noite se torna companheira do sono, os colegas se chamam de amigos, e a expressão passa a atrapalhar.
Eu espero muito que você não cresça.
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3 comentários:
(Nem estou chateado em ter que escrever o início do comentário de novo. Espero que não pareça insensível, pois escreverei de forma sincera.)
Como ando repetindo, uma das coisas que mais me incomoda em ficar velho, experiente e sabido é exatamente ficar experiente e sabido, ignorante das coisas novas a descobrir (que algumas pessoas simplesmente esquecem). Uma postura assim pode ser chamada de arrogância. Pode ser também preconceito meu dizer isso, mas não acho que tenham de ser todas as pessoas mais velhas. Eu, em especial, pretendo aprender ainda e não ter muita certeza das coisas, mesmo que alguns achem ridículas minhas dúvidas (para as quais há respostas rápidas, exatas e erradas [parafraseando algo que já li]). Não será com isso que me importarei.
Pode-se fazer uma definição de jovem e velho com isso, mas não sei se devo fazê-lo (ou tentá-lo) agora.
(Isso pode se tornar maior, e [uma diferença aqui] menos seguro, menos fundado e mais "gasoso".)
Olá Thai.
Desculpe-me pela minha falta de tempo para responder a seus dois comentários.
Fico lisonjeado com ambos, agradeço muito que você tenha colocado o meu nos seus links.
Quando eu puder, lerei seu blog com mais atenção, mas já me parece muito bom!
Abraços!
Talvez também seja bom crescer: parece que adquirir responsabilidade (ou melhor, ter, porque não sei dizer como se adquiriria) seja uma coisa boa.
Mas acho, claro, que se pode muito bem ser responsável e ter a cabeça aberta e estar pronto a admitir que temos muito a aprender, não só em ciências explicadas, mas também em como podemos viver e nos relacionar.
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