sábado, julho 05, 2008

Sobre Ética

Ponto 1.
Parece sarcasmo, mas é apenas um "achar graça (na forma mais ampla que tu te permitires considerar, querido leitor [invisível?])". E do que falo? Bem, justamente de um ponto que pode se relacionar com Ética, todavia também com aquilo que chamam de "Boa Índole (se é que no fundo as duas expressões não são sinônimas [volto a discutir mais sobre isso futuramente, talvez em outro post.])". Pois bem, talvez a filantropia (ou altruísmo, ou humanitarismo) não exista. Veja bem: quando encontramos alguém passando necessidade na ida de casa até a farmácia e o ajudamos, hm, talvez isso não seja se importar com o outro por si só, e sim se importar porque essa mesma ação nos faça bem internamente, nos deixe com um ar de "eu sou um ser bom". O que, originalmente, não pode ser chamado de altruísmo, já que não é um amor exclusivo ao outro, mas sim a nós mesmos, ao nosso "ego". Outro exemplo: uma pessoa próxima sofre (por algum motivo, seja lá qual for). Será que ao resolvermos ajudá-la é somente por ela ou também por nós -que sofremos, claro, com o seu sofrimento (isto se tu não fores um troglodita insensível...)? Pois é, eis a (minha) dúvida. Quanto de verdadeiro pelo outro há nesses gestos "caridosos"?

Ponto 2.
Me é curioso o fato daqueles que, fingindo boas ações éticas, ferem os outros com palavras. Na verdade me é curiosíssimo. Será que é porque há um acerto no ato de reprimir um gesto errado moralmente que se pode reprimir da forma que bem entender? Isto é: ser esnobe e irônico ao dizer "você ainda não aprendeu que...?" é permitido quando a intenção é boa? Um ato compensando o outro, poderia se dizer. Todavia, não me parece bem isso. Na realidade considero tão feio o ato de quem pensa estar fazendo o bem enquanto reprime, quanto o ato de quem faz o mal sendo pouco ético (porque esse pode estar fazendo sem se dar conta [e isso por motivos tantos: costume, anestesia moral,...], já aquele tinha consciência do que fazia). Assim: se for reprimir que seja com modéstia, se for considerar a repreensão que seja com bom senso.

2 comentários:

Fischer disse...

Quanto ao ponto 1, acho interessante tu leres O Gene Egoísta. Não é um manual de filosofia nem de ética, mas é um pensamento original (um conjunto deles, eu diria). Se tu considera a evolução uma boa idéia, uma ótima sacada, acho interessante ler esse livro.

Quanto ao ponto 2, esse não está em nenhum livro que conheço. Seguirei pensando.

Paralelo (Lauro Edison) disse...

Com mais de ano de atraso, aí vai:

Você está certa: não existe altruísmo de fato. Ou, pelo menos, se ele existir em alguém, só pode ser por estupidez.

Quando ajudamos alguém, é porque nos sentiríamos PIOR caso não o fizéssemos. É da nossa natureza instintiva sentir culpa, compaixão e empatia, tanto quanto sentir fome ou atração sexual.

A ajuda, pois, é essencialmente egoísta. E o egoísmo desse tipo é desejável, portanto.

Quando se pensa por dois minutos, logo fica claro como é bizarro achar que o altruísmo verdadeiro é belo... Isto é: receber ajuda de uma pessoa que não tem vontade nenhuma de ajudar, desejo algum, apenas a fria motivação de considerar que fazer isso é "certo".

Por essas e outras, sou amoral.

Sobre o conselho do Gene Egoísta, Fischer me antecipou em um ano, rsrsrs...