sábado, novembro 10, 2007

do que se precisa

É fácil justificar (e/ou criar) uma causa a partir de sua respectiva conseqüência. E é isso que fez surgir a mitologia. Por que a colheita fora tão boa? Simples: Thermuthsi, a deusa da fertilidade, deixou cair suas lágrimas sobre as plantações todas, fazendo assim com que os alimentos germinassem e crescessem sem falta de chuva ou sol. Por que ocorrera o grande dilúvio? Diz-se que Ball, o deus da tempestade, agiu intensamente após uma briga com Éolo, deus do vento, originando uma derradeira queda d'água. Na antigüidade era muito mais fácil inventar um ser qualquer para designar a causa dos fenômenos naturais e também sociais. E assim a vida seguia sem demais questionamentos, visto que tudo poderia ser explicado por uma estória fantasiosa. Agora o deus é uno, tudo sabe, tudo vê e, principalmente, de tudo é capaz. Porém suas façanhas só são possíveis pois precisa-se de algo que justifique o que a ciência e o conhecimento humano não conseguem explicar: a vida, seus significados, sua origem, sua seqüência. E ele viverá ainda por muito tempo, mesmo que os ateus tenham ótimos argumentos contra, mesmo que se criem blogs e revistas maldizendo o criacionismo, mesmo que discursamos em praça pública a favor da ciência e da razão. Viverá até que se deixe de explicar a causa com base na conseqüência.

7 comentários:

Unknown disse...

Devido ao sono prometo deixar um comentário decente em breve mas até lá....

"O pior cego é aquele que não quer ver."

Apesar de ser atéia, vejo que entende do que fala, isso é uma boa coisa, pois seria burrice ignorar algo que não conhece. ;)

Thai disse...

Acho que não entendi muito bem, Cássio. Foste um pouco contraditório, penso. Acho que "burrice" é querer falar (e afirmar, e defender) o que não se sabe, isso sim.

Unknown disse...

Como disse ontem... o sono afeta meus pensamentos.... e muito.... infelizmente resolvi gastar um dia inteiro em "besteiras" e acabei ficando super atarefado... então amanhã... xDDD

Fischer disse...

Estes são os posts para que eu comente. Bem, vamos lá!

Pra começar, não se usa "e/ou". (Não é falta de classe!) Aliás, nem sei direito porque se usa isso, já que o sentido de "e/ou" é o do "ou". Parece que a forma "e/ou" quer dizer (ah, e desde quando expressões têm vontade? Mas tudo bem...) que as duas ocorrem juntas, ou que as duas ocorrem separadas (no sentido de simultaneamente exclusivas). Pode parecer uma crítica pessoal, mas vê se não é um artifício para textos. (Agora nada do que eu disser suplantará a idéia da crítica pessoal.)

Agora ao principal: isto não devia ser considerado causa. Acho que talvez só possamos falar mesmo de causa para fenômenos estáticos (e sempre existentes), uma vez que ao menos eu não vejo muito bem como resolver o impasse do tempo (podemos tomá-lo como uma medida dimensional [fica aqui meu registro que quase ninguém sabe o que é dimensão...]).
Espero que concordes que podemos dizer que um nome na verdade se atribui a um conjunto. Tudo bem que conjunto é só uma idéia primitiva, e que há várias coisas não resolvidas, mas vamos admitir que é mais ou menos disso que sabemos falar. Assim, um nome é um conjunto, o conjunto das "coisas" às quais o nome pode ser atribuído. Também vale para um adjetivo (e aqui deve se reparar que adjetivos deviam ser atribuídos somente a subconjuntos; não se pode ficar pensando se a amizade é azul a menos que se faça algo nesse sentido). Bem, o que isso importava mesmo? Não lembro.
Ah, sim, das causas. Acho que não vale dizer que foi por causa de um acontecimento anterior - uma vez que ainda não temos como dizer se são coincidências ou não. Por vários pontos (mesmo que sejam infinitos; te convence pensando no gráfico de y = sen(1/x) nas proximidades da origem, e vê que o gráfico intersecta infinitas vezes a reta y = 0 [para ti que gostas da equação reduzida da reta, digo que essa está na forma (ponto-)normal xP]) alinhados passa uma reta, mas também uma infinidade de curvas.
Acho difícil convencer alguém de que causa não é facilmente trabalhada como seqüência de acontecimentos, já que sabemos bem menos das verdadeiras implicações (o melhor exemplo que conheço aqui é do relãmpago causando o raio - isto está errado? [vê que engloba noções de tempo e espaço {repito, ou teimo, que seria bom conhecer um pouco mais de física e ciência para fazer algumas afirmações sobre afirmações}]).
Mas não importa: acho que é muito fácil se enganar tendo uma explicação fácil e incorreta. E quando envolvem interesses como satisfação e controle de populações, mais verdadeira se torna a afirmação quanto mais dita (isso não é original).
(No fim, muito para dizer muito pouco.)

Thai disse...

Interessante que tu, Fischer, define o que se usa...

Fischer disse...

Depois disse que podia parecer uma crítica pessoal, mas isso não justifica algo, de forma alguma.
Verdade que nunca consigo passar o que quero; será que estão com vergonha de me dizer que estou tão errado?

Thai disse...

E lá se sabe o que é "certo" e "errado"...

(Tu tens o direito de falar o que quiser, de fazer o comentário que achar necessário [por isso mesmo que existe a opção de comentar; se eu não quisesse que outras pessoas escrevessem liquidaria com essa opção].)