domingo, maio 11, 2008

Academias

Elas são tristes, são depressivas. Nelas as pessoas fingem esquecer a vida presa à insegurança, ao abandono social, aos males da cidade grande. Bem, eu falo das academias (não de intelecto, como as de Platão e de Aristóteles; mas sim de firmamento corporal, físico e "aparencial".). É lá que pessoas desconhecidas se reúnem para suar o corpo e esquecer da miséria da mente. Não, eu não critico o desejo de bem-estar físico. Eu -isso sim!- me entristeço pela forma como isso é feito. As circunstâncias que levaram à criação das academias corporais me parecem bem visíveis, e o ponto inicial é, como pode-se chamar, a "rotina de cidade grande". Ora, com esses centros urbanos super lotados surgiram muitos problemas (ou empasses, para quem prefere um termo menos forte...): a violência que não permite um caminhar despreocupado pelas ruas, a sujeira que priva de alguns passos sem chutar papéis, plásticos e coisas piores (cigarros! oh, os cigarros!), a poluição do ar que faz com que o corpo se sinta impregnado em poucos minutos de foligem cinza, a poluição sonora que nos obriga ouvir o barulho constante dos carros e, enfim: a falta de lugares adeqüados para os passeios (que pode ser uma conseqüência dos outros fatores antes citados). E então o ser-humano, se vendo morrer de sedentarismo, precisou criar um estabelecimento comercial que oferecesse tudo o que um dia já fora natural do e para o homem: possibilidade de movimento. Mas agora não mais um movimento livre e espontâneo (como ainda há em cidades pequenas e aconchegantes...). Não. Algo determinado, mecânico e que visa muito mais a "beleza (oh, se o corpo mostrasse o verdadeiro sentido de ser belo!)" e a aparência.
Mas esta é apenas a opinião pobre de uma mente em decadência. Ou seja: pode não valer
nada.

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