quarta-feira, julho 18, 2007

Viva e deixe morrer.

Como melhorar? Não há forma, não há jeito, não há apoio.
Não sou contra a instituição família, nem há como ser, pois, querendo ou não, eu faço parte de uma. Mas ter família e, principalmente, conviver com ela pode ser terrível. E eu poderia generalizar e falar que as pessoas não sabem o quanto são inconvenientes e estragam os outros seres humanos. O jeito é criar algum forte afastado da civilização e se trancafiar lá, com livros, música, comida (dá pra se ter uma hortinha ao lado do forte...)e água.
Aliada às pessoas que não tem consideração pelo alto grau das outras encontra-se a televisão. Quer coisa mais sem graça que ficar olhando para aquela tela toda pronta, colorida e falante? Ora, ler um livro é muito melhor. O livro tem textura, tem cheiro, tem opções que a imaginação pode usar como quiser. Já a televisão é restritiva (como algumas orações adjetivas!), se absorve o pouco que está ali e pronto. Não há como ir além.
Sons, muitos sons e todos (!) de uma vez só. Como se pode fazer qualquer coisa razoavelmente bem com isso acontecendo? Sério, não há como. Uma televisão e um rádio, os dois ligados juntos. Será que consegue se absorver qualquer informação de ambos os aparelhos? Não sei, não sei. Acho melhor ligar um só e aproveitar totalmente o que por ele "passa". Um proveito de cem por cento, isso sim, isso que todos deveriam querer. Mas tudo bem, acostuma-se (o que é terrível. Tente não se acostumar com as coisas, caro leitor. Se surpreenda com o óbvio [ou melhor: com o que está aqui todos os dias e {quase} ninguém repara].).
Há muito mais o que falar, mas... palavras parecem pouco. Então tenta-se viver, que é o básico que se pode fazer. Como diz Paul McCartney numa de suas canções:"Viva e deixe morrer."

Um comentário:

Fischer disse...

Não era Bento Prado Jr. que resenhava generosamente os livros dos amigos para fomentar a filosofia nacional? Bem, então quem sabe eu possa impulsionar qualquer cultura, mesmo que o alcance seja curto.

Bem, gostei do post.

Isso foi generoso. =]

Agora um pouco mais sério. Não acho que o livro tenha textura e cheiro. Ou melhor, não acho que essa seja a qualidade deles (quando leio não fico cheirando propositalmente). Acho que a vantagem do livro é a liberação da imaginação. Na televisão as imagens se sucedem rapidamente, e para assimilar as próximas devemos reter nossa atenção à seqüência. Já que o livro não vira sozinho, ele nos dá tempo para refletir e imaginar. E se não queremos participar da massificação, devemos refletir e imaginar. Refletir para entender, e tirar as próprias conclusões. E se você não imagina, bem, fique com as imagens e os sons da televisão, seja um zumbi. Quem sabe ainda sejam feitas homenagens, se você conseguir liderar um quilombo.
Não importa que haja o botão de pausar o filme, ou os PVR's estejam difundidos. Ainda não se iguala ao livro. A informação simples em seqüência (aqui estarei falando um pouco computacionalmente, não sei se posso) ganha de toda aquela quantidade de pontos coloridos.
O maior impedimento à imaginação (na verdade, é um pouco de saber cultural que algumas pessoas inventam tramas eróticas a partir de personagens televisivos, mas acho que dá pra ignorar isso), pra mim, é a definição das imagens. Acho que processamos quase tudo visualmente (há teorias sobre essas coisas; pessoalmente, sinto que penso com imagens), então a imposição que vem da tela torna-se real na nossa mente e fecha outras possibilidades. E não adianta pausar, não adianta. Não vai ser a mesma coisa.
Ah, não use "cem por cento". Recomendo que corrijas na próxima edição do livro. E quanto a um proveito total, também não acho que devias usar esse termo. O problema é que não temos como mostrar a incapacidade dos outros em assimilar conteúdos vindos de duas fontes diferentes, então não saberia como argumentar.
Agora, sobre o tema principal. Quero dizer que também sofro desse mal com as pessoas que moram comigo. É frustrante ver seus programas intelectuais serem abolidos por causa do péssimo ambiente. Mas é a realidade. Espero, por nós dois, que ainda restem fagulhas de vontade de conhecimento e desenvolvimento pessoal quando pudermos nos livrar disso. Se conseguirmos, um dia.